17 jun, 2019 - 12:16 • Susana Madureira Martins com Lusa
O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Fernando Faria de Oliveira defendeu esta segunda-feira no Parlamento que as medidas de reforço de garantia dos créditos concedidos a José Berardo foram a melhor opção.
"É manifestamente evidente que o reforço das garantias era uma opção melhor para a Caixa", disse Faria de Oliveira aos deputados, durante a sua segunda audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público.
De acordo com Fernando Faria de Oliveira, "face a um incumprimento de garantias, há em primeiro lugar reposição de garantias, [depois] concessão de moratórias, reestruturação do crédito, execução de garantias".
Naquele momento, a CGD tinha a opção de "vender em bolsa", de "uma colocação junto de investidores internacionais" ou "reforço das garantias", partilhou Faria de Oliveira.
Faria de Oliveira defende que se a Caixa Geral de Depósitos tivesse vendido as ações do BCP todo o sistema financeiro podia ter entrado em derrocada.
“É evidente que se a Caixa tivesse executado as ações e vendido ao preço que seria suscetível nesse momento, teria provocado uma derrocada total nas instituições em causa e eles próprios perdiam praticamente tudo o que tinham”, explicou.
Para o atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), vender as ações do BCP dadas como garantia por Berardo iria "derreter as ações do BCP e causar um problema sistémico da maior relevância".
O ex-dirigente da Caixa defendeu a sua própria prestação, sem, contudo, sublinhar as limitações a que esteve sujeito. "A CGD teve resultados sempre positivos no meu mandato, mas não deixou nunca de ser muito penalizada, muito penalizada, pela desvalorização das ações do BCP e com o registo de imparidades com tudo o que tinha a ver com as garantias que existiam relacionadas com o BCP", lembrou Faria de Oliveira.
"Em consciência considero que era extraordinariamente difícil fazer melhor", concluiu o ex-presidente da CGD.
Faria de Oliveira admite, contudo, que não terá havido parecer de risco escrito antes de a Caixa ter concedido o crédito de 300 milhões de euros a Joe Berardo.
“O diretor-geral de Risco ia acompanhando a realização destas operações. Elas foram rodeadas das maiores cautelas e havia clara noção dos riscos envolvidos. Admito que deveria haver parecer de risco, não quer dizer que o risco não tivesse envolvido, mas parecer formal escrito, não tenho a certeza de existir”, disse.