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Inquérito CGD

Constâncio. Berardo "pensava que iria reunir-se só comigo"

18 jun, 2019 - 11:41 • Susana Madureira Martins com redação e Lusa

O ex-governador do Banco de Portugal está a ser ouvido pela segunda vez no Parlamento sobre a recapitalização da CGD e nega que se tenha reunido sozinho com o empresário madeirense.

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O ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio disse esta terça-feira no Parlamento que, na "única" reunião que teve com José Berardo, o empresário pensava que iria reunir-se a sós consigo.

À pergunta da deputada do CDS-PP Cecília Meireles sobre quantas vezes se reuniu com José Berardo, Constâncio respondeu que "uma vez" e que o empresário terá ficado surpreendido com a presença de outras pessoas no encontro.

“Dessa reunião lembro-me perfeitamente”, afirmou. “Confrontei-o com essas críticas [as denúncias, em 2007, sobre as offshore do BCP, que terão partiram do empresário madeirense] e pedi-lhe explicações e mais informações sobre o que teria querido dizer com essas violentas críticas ao Banco de Portugal”, começou por descrever.

“E a verdade é que se atrapalhou e não tinha propriamente respostas ou mais informações, percebeu que afinal a reunião não era comigo, sozinho, e pouco depois – a reunião durou poucos minutos – disse ‘o senhor está com advogados, eu não trouxe advogados e, portanto, vou-me embora’. E foi-se embora”, prosseguiu.

O episódio é ainda hoje, segundo Vítor Constâncio, contado por “José Queiró, diretor dos serviços jurídicos do banco na altura e atualmente secretário-geral dos conselhos, como uma história bizarra e, segundo ele, divertida das que viveu no Banco de Portugal. E foi isto, nada mais”.

O ex-governador do Banco de Portugal não conseguiu, contudo, colocar uma data a esta reunião.

Constâncio garantiu ainda que não teve conhecimento antecipado da operação de crédito da Caixa Geral de Depósitos a Joe Berardo, na ordem de mais de 300 milhões de euros, porque não tinha de ter, reforçando, tal como fez na primeira audição, que o supervisor não tem de dar autorização a este tipo de operações.

Em 2015, segundo uma auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos (CGD), a exposição do banco público à Fundação José Berardo era de 268 milhões de euros, depois de uma concessão de crédito de 350 milhões de euros para compra de ações no BCP, dando como garantia as próprias ações, que desvalorizaram consideravelmente e geraram grandes perdas para o banco público.

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