15 jul, 2019 - 07:30 • Redação com Lusa
Com a ameaça de greve para daqui a menos de um mês, os sindicatos dos camionistas e a associação empresarial do setor voltam esta segunda-feira à mesa de negociações. Um encontro com a mediação do Ministério do Trabalho, onde os motoristas vão reclamar aumentos salariais.
Os sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias anunciaram no dia 6, após o seu 1.º Congresso Nacional, uma paralisação, como início a 12 de agosto.
Estes dois sindicatos independentes, juntamente com a federação sindical filiada na CGTP, têm vindo a negociar com a associação empresarial do setor, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), a revisão do contrato coletivo, sob a mediação da Direção Geral do Emprego e Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho.
À Renascença, o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas, Pedro Pardal Henriques, coloca a pressão do lado da ANTRAM. “Vamos questionar claramente a associação se vai ou não cumprir os acordos. Caso tal não aconteça vamos apresentar o pré-aviso de greve”.
O presidente do SNMMP, Francisco São Bento, disse à agência Lusa que, as negociações estão ainda numa fase inicial, pois o processo tem sido muito moroso, reconhecendo a existência de algumas divergências.
A Federação Sindical dos Transportes (FECTRANS), filiada na CGTP, apresentou informalmente à ANTRAM no dia 4 de julho uma proposta para que, em janeiro de 2021, o salário base dos motoristas de pesados de mercadorias passe para os 850 euros, a que serão acrescidos os diversos subsídios de função.
Esta federação e o Sindicato Independente dos Motoristas e o dos Motoristas de Matérias Perigosas têm vindo a negociar a revisão do Contrato Coletivo do setor com a ANTRAM, desde maio, tendo acordado um protocolo com a vista à implementação de um salário base de 700 euros para os camionistas, em janeiro de 2020. A este salário base, acresce, como agora, vários subsídios inerentes ao desempenho da atividade e as diuturnidades.
Os dois sindicatos independentes vão para as negociações com a intenção de entregar de imediato o pré-aviso de greve caso a associação patronal não responda às suas reivindicações.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A elevada adesão à greve de três dias surpreendeu todos, incluindo o próprio sindicato, e deixou sem combustível grande parte dos postos de abastecimento do país.
Segundo fonte sindical, existem em Portugal cerca de 50.000 motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais a transportar mercadorias perigosas.