03 ago, 2019 - 12:02 • Redação
A associação que representa as transportadoras considera a contraproposta dos sindicatos dos motoristas “uma farsa”.
Depois de elogiar a proposta, a ANTRAM diz à Renascença ter tido acesso ao plano factual e volta a acusar o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SMMP) de querer “ludibriar a comunicação social”.
“Mais uma vez, aquilo que o sindicato diz numa entrevista ao ‘Expresso’ não é consonante com aquilo que relata à Renascença na justa medida em que, factualmente, a sua proposta não é um aumento de 50 euros faseado a seis anos, é antes um aumento de 100 euros em 2021”, afirma o porta-voz da ANTRAM, André Almeida.
“E depois diz o seguinte ao povo português: 'como temos que lavar a nossa imagem perante um sentimento generalizado que o povo português tem de incompreensão perante esta greve, então aceitamos reduzir 50 euros aos 100 de 2022' para logo a seguir propor 50 nos quatro anos seguintes, o que é o dobro da média do aumento do salário mínimo nacional dos portugueses – isto é, 'eu aceito trocar 200 euros de aumento por 350', feitas as contas”, acusam os patrões.
“Nestas condições, não há acordo”, garante André Almeida. “Isto não é uma contraproposta, é uma farsa”, reforça.
À Renascença, este sábado de manhã, o advogado do sindicato dos motoristas, Pedro Pardal Henriques, resumiu a proposta que pretende levar à reunião de segunda-feira com o Governo (já antes avançada ao “Expresso”), na qual fala em paz social com a ANTRAM.
“Uma dessas propostas que os sindicatos apresentam é prorrogar o prazo do contrato coletivo de trabalho a cinco ou seis anos e prorrogar aqui os aumentos salariais dos trabalhadores. Ao final destes seis anos, o salário base destas pessoas será mil euros, com aumentos para os 700 euros agora já em 2020, 800 euros em 2021 e depois 50 euros por ano até chegar ao final do prazo estipulado”, indica o advogado.
“Isto permitirá às empresas e à ANTRAM adaptarem-se a estes aumentos salariais e, por outro lado, e muito importante, permitirá à ANTRAM e aos sindicatos terem aqui um período de paz social onde tudo vai decorrer normalmente”, destaca ainda.
A ANTRAM ouviu e reagiu. “É um recuo que saudamos, que se aproxima mais daquilo que foi o protocolo que assinaram e a que contratualmente estão obrigados”.
André Almeida revelava, contudo, alguma prudência na reação.
“É preciso perceber se estes aumentos de 50 euros são uma efetiva e real vontade do sindicato de chegar a um entendimento. É preciso perceber se esses 50 euros são no salário base, nos complementos, nos prémios... de onde vêm estes 50 euros”, sublinhou.
Depois de ter tido acesso a dados mais “factuais”, a ANTRAM diz não haver condições para um acordo que evite a greve dos camionistas, marcada para daqui a cerca de duas semanas.