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​PCP diz que "portugueses continuam a pagar" interesses monopolistas no Novo Banco

03 ago, 2019 - 00:00 • Lusa

O Novo Banco prevê pedir mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução, uma estimativa decorrente dos prejuízos de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre.

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O PCP afirma que "os portugueses continuam a pagar" um Novo Banco gerido "ao serviço dos interesses monopolistas", depois dos prejuízos de 400,1 milhões de euros e o possível pedido de 541 ao Fundo de Resolução.

"Com mais de sete mil milhões de euros entregues pelo Estado ao Novo Banco, desde a resolução do BES [Banco Espírito Santo] em agosto de 2014, os portugueses continuam a pagar os custos de uma política de gestão ao serviço dos interesses monopolistas", pode ler-se num comunicado do PCP enviado hoje às redações.

O Novo Banco registou um prejuízo de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre do ano, o que compara com um prejuízo de 212,2 milhões no mesmo período de 2018, foi divulgado esta sexta-feira.

Este resultado representa um agravamento de 88,5% dos prejuízos do banco.

O Novo Banco prevê pedir mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução, uma estimativa decorrente dos prejuízos de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre.

O partido lembra que "a Lone Star [fundo detentor de 75% do banco] usa mais uma vez a garantia pública de 3,9 mil milhões de euros que o atual Governo lhe concedeu", classificando o processo de venda do banco ao fundo de "ruinoso para o país".

O PCP assinala ainda que "o novo pedido da Lone Star" acontece "no mesmo preciso momento em que o banco, que já reduziu em mais de 2.000 o número de trabalhadores desde a resolução do BES, se prepara para despedir mais 400 trabalhadores, como se depreende do pedido feito ao Governo de alargamento da quota de trabalhadores despedidos a quem podem atribuir subsídio de desemprego".

"O Estado paga para limpar os ativos problemáticos, paga o despedimento de trabalhadores e a Lone Star cria as condições para vir a vender o banco e retirar dessa venda um lucro significativo como faz habitualmente", aponta o partido liderado por Jerónimo de Sousa.

Os comunistas referem ainda que o Governo, no processo de venda do banco, esteve "alinhado com as imposições da Comissão Europeia".

Para o PCP, a venda "determinou não só a perda de um importante instrumento de política económica e financeira", mas também "a sua integral devolução à mesma gestão que o fez colapsar: a gestão privada".

Como tal, o partido defende que a venda "demonstra, por si só, que a privatização foi uma má opção com custos que podem ultrapassar os 10 mil milhões de euros".

"A solução que melhor teria servido os interesses do país e dos portugueses, como o PCP defendeu e continua a defender, é a nacionalização do banco", conclui o comunicado comunista.

Em maio, o Novo Banco recebeu mais uma injeção de capital pelo Fundo de Resolução de 1.149 milhões de euros, isto depois de em 2018 ter tido prejuízos de 1.412,6 milhões de euros.

Do valor colocado no banco, 850 milhões de euros vieram de um empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução (entidade da esfera do Banco de Portugal que consolida nas contas públicas).

Em 2018, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injeção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução.

A injeção de capital serve para cobrir as perdas relativas a ativos (crédito malparado, imóveis) incluídos no mecanismo de compensação acordado aquando da venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, em outubro de 2017.

Este mecanismo estabelece que o Novo Banco pode solicitar ao Fundo de Resolução até 3.890 milhões de euros até 2026, pelo que nos próximos anos ainda pode pedir mais quase 2.000 milhões de euros.

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