09 ago, 2019 - 11:00 • André Rodrigues
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O transporte de matérias perigosas por parte de agentes da PSP ou militares da GNR e das Forças Armadas "pode representar um risco".
É o alerta deixado na Renascença por Nuno Gomes, proprietário de uma empresa que dá formação certificada a motoristas de matérias perigosas.
Em causa está a possibilidade, anunciada pelo Governo, de mobilizar efetivos da polícia, da GNR e do Exército para conduzir camiões-cisterna, de modo a mitigar os efeitos da paralisação que tem início marcado para a próxima segunda-feira.
"Estamos a falar de formações que exigem uma aprovação no IMT em exame teórico. Estranho que tal não seja necessário para esta solução", afirma o especialista.
Nuno Gomes sublinha que "uma pessoa habituada a conduzir um veículo pesado pode não estar habilitada para a condução de um camião-cisterna, uma vez que há forças em movimento que são geradas pelo facto de ser um transporte líquido". A esta circunstância acresce o risco associado à carga e descarga de combustíveis.
Para este formador de motoristas de matérias perigosas, esse é o momento crítico do processo.
“Sem alimentar alarmismos”, Nuno Gomes avisa que "se tivermos pessoas com muita boa vontade, mas com pouca experiência, teremos uma situação potencialmente perigosa para todos", uma vez que "esta formação obriga a um treino prático intenso, em que um motorista recém-formado, por norma, estão durante um mês a acompanhar outro motorista, já em contexto de trabalho, para assimilar diariamente este tipo de operação".
Nuno Gomes sugere que a formação destes motoristas de recurso terá sido aligeirada e, "o pouco tempo para assimilar todas as questões funcionais, físicas e psicológicas associadas a este tipo de tarefa - atendendo ao facto de que, tal como tantas outras, esta atividade não está imune ao erro - pode resultar numa situação muito complicada".
No entanto, para este instrutor de motoristas de matérias perigosas, o problema está a montante desta paralisação.
"Este pré-aviso de greve não foi feito há uma semana nem duas. Já era mais ou menos expectável desde a greve de abril, daí que tudo isto poderia ter sido organizado e feito de outra forma", conclui.