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António Costa não vai admitir que greve dos motoristas tenha “consequências inaceitáveis” para o país

10 ago, 2019 - 13:13 • Redação

Governo não decreta, para já, requisição civil, mas o primeiro-ministro avisa que, se os serviços mínimos não forem cumpridos, não vai admitir que greve tenha “consequências inaceitáveis” para o país.

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O primeiro-ministro, António Costa, espera que ainda seja possível evitar a greve dos motoristas, mas afirma que "um Governo responsável tem que se preparar para o pior".

António Costa falava no final de uma reunião de emergência do Governo, que analisou a paralisação dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias, que começa na segunda-feira e não tem data para terminar.

O executivo não decreta, para já, requisição civil, mas o primeiro-ministro avisa que, se os serviços mínimos não forem cumpridos, não vai admitir que greve tenha “consequências inaceitáveis” para a economia e a vida dos portugueses.

Se existir greve e serviços mínimos não forem respeitados, o Estado "vai assegurar autoridade democrática e o cumprimento da lei", disse António Costa.

“Governo atuará sempre de forma adequada e proporcional às necessidades”, sublinhou.

“Temos previsto serviços mínimos [entre 50% e 100%], como o parecer da Procuradoria-Geral da República veio esclarecer, foram definidos de forma equilibrada, respeitando o direito à greve. O direito à greve é fundamental, mas a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade dos demais.”

O primeiro-ministro apela que, até ao início da greve dos motoristas, ainda seja possível ultrapassar o conflito e voltar à mesa das negociações. "Apesar de se tratar de um conflito no setor privado, tudo temos feito para evitar que a greve se concretize."

António Costa esteve reunido com Vieira da Silva, ministro do Trabalho; José Matos Fernandes, do Ambiente; Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros; Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna; e João Gomes Cravinho, ministro da Defesa.

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) vai manter a greve, anunciou este sábado o porta-voz Anacleto Rodrigues no final de um plenário, em Leiria. Os trabalhadores "aprovaram por unanimidade a manutenção da greve", declarou o sindicalista aos jornalistas, que aguarda por uma contraproposta da Antram, associação que representa as empresas.

"Exerceremos as nossas funções qualquer que seja o custo eleitoral"

Questionado sobre as eventuais consequências políticas da greve em ano eleitoral, António Costa responde que, acima de tudo, está o interesse nacional.

“Nós não podemos ter considerações eleitorais quando está em causa a segurança das pessoas, a normalidade do funcionamento do país, a tranquilidade dos cidadãos e o funcionamento da economia”, afirmou.

“Talvez alguém tenha pensado que, por haver eleições, o Governo ficaria refém de um quadro eleitoral e inibido do exercício das suas funções. Não estamos inibidos das nossas funções e exerceremos as nossas funções qualquer que seja o custo eleitoral que isso possa ter”, declarou o primeiro-ministro.

António Costa afirma que quem pensar o contrário, não tem noção do interesse nacional, e frisa que o Governo não podia tirar férias perante uma crise desta dimensão.

“Agora, acho que é não ter a absoluta noção de qual é o interesse nacional, de qual é a intranquilidade sentida pelos portugueses e dos riscos efetivos de uma greve desta natureza, pensar que o Governo podia tirar férias quando o interesse nacional nunca tira férias. Temos que estar sempre prontos para adotar as medidas necessárias para o normal funcionamento do país”, afirmou.

Comentários
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  • João Lopes
    11 ago, 2019 11:17
    Concordo com Henrique Monteiro (Expresso Diário 9-08-2019): «não posso de deixar considerar inacreditável, e de uma total falta de sentido democrático, a resposta que o Governo deu ao pré-aviso de greve . os nossos vigilantes antifascistas e defensores da democracia guardaram o silêncio…Como esta sexta-feira escreveu Ana Sá Lopes no Editorial do “Público” e Helena Garrido já tinha afirmado, se estas medidas tivessem sido tomadas pela direita, estava a esquerda em peso na rua a gritar contra o fascismo. Assim gritam uns poucos…Aqueles que costumam andar de cabeça erguida!»
  • José Cabarrão
    10 ago, 2019 Abrantes 22:23
    Esta posição dos Sindicatos afectos á área dos transportes de matérias perigosa, é justificada pelos Sindicatos "pelos ordenados baixos que se pagam, a trabalhadores que correm riscos inerentes á profissão que desempenham. Os exemplos de recibos de vencimento que foram apresentados, evidenciam uma preocupação das entidades patronais em minimizar os descontos imediatos, conseguindo deste modo 2 coisas: (1)Menor descontos para o Estado quer das entidades patronais quer dos trabalhadores; (2) A ilusão dos trabalhadores, face ao dinheiro que levam para casa. E agora?
  • filipe
    10 ago, 2019 évora 18:07
    Este governo tem ao longo dos anos andando a brincar com classes profissionais na saúde , educação e afins ... cederam aos magistrados erradamente , agora tem de enfrentar a tropa porque foi aquela que deu a liberdade ao país está a ser desclassificada . Tentaram brincar com estes coitados que ganham verbas ilegais como motoristas profissionais numa área importante , esquecidos anos após anos ... este governo o que quer agora é virar os Portugueses contra esta classe operária tal como virou o país com o aval da presidência da República contra os docentes ... mas já chega de palhaçada e brincadeira avulsa e gratuita . A tropa que meta o país na linha , decretem lei Marcial pela igualdade de direitos e parem a Anarquia da geringonça , já .
  • Cidadao
    10 ago, 2019 Lisboa 14:37
    Esta atitude de força, perante 700 tipos manipulados que acreditaram ser imprescindíveis e poder fazer o que quisessem, e o silêncio duma Oposição inexistente por moribunda, juntamente com a falta de visão de fundo do povo português - as férias estão salvas, o resto logo se vê, e o "resto" é apenas e só a greve passar a ser letra morta e nesse ponto já há Patronato a salivar, podem crer - fizeram o PS subir mais um degrau rumo à Maioria Absoluta. E todos sabemos o que se passou de todas as vezes que houve por cá Maiorias Absolutas de 1 só partido ...

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