18 ago, 2019 - 19:45 • Redação
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) decidiu suspender a greve, após quase sete dias de paralisação, anunciaram este domingo ao fim da tarde o porta-voz Pedro Pardal Henriques e o presidente Francisco São Bento, após a realização de um plenário em que estiveram presentes cerca de 100 pessoas, na Junta de Freguesia de Aveiras de Cima.
O SNMMP irá agora começar a discutir os termos de um acordo sobre as condições laborais com a associação patronal, a Antram, a partir da próxima terça-feira, às 16h00, com uma reunião que já foi confirmada pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação à Lusa. O encontro irá decorrer “sem imposições negociais da Antram”, sublinhou o presidente do sindicato.
No entanto, Francisco São Bento deixou o aviso de que podem surgir mais greves, caso a Antram continue a mostrar “intransigência”. Na moção aprovada no plenário, a direção fica mandatada, nesse caso, para “continuar a desencadear todas as diligências em defesa dos motoristas, incluindo medidas mais penalizadoras, como greves às horas extras, fim de semana e feriados”.
Questionado sobre se esta medida seria um passo atrás na luta dos motoristas de matérias perigosas, o presidente do SNMMP disse entender que se tratava de “um passo em frente”, na medida em que era "necessário para avançar". De seguida, deixou mais declarações para o final da reunião de terça-feira.
Críticas à Antram e ao Governo
A leitura aos jornalistas da moção foi antecedida de uma série de considerandos, críticos quer da Antram – que “recusou ceder um milímetro face à sua proposta original” e mostrou “falta de interesse” em reunir pela manhã deste domingo –, quer do próprio Governo, cuja atitude se alterou a partir de sexta-feira, passando a haver um “verdadeiro esforço negocial”.
“O Governo restringiu e tentou eliminar o direito à greve dos motoristas e, consequentemente, dos portugueses, com uma definição dos serviços mínimo com o único objetivo de proteger os empregadores, no caso a Antram”, declarou.
Para além disso, “os militares e forças de segurança, PSP e GNR, foram usados pelo Governo em proveito das próprias empresas associadas da Antram”.
Os associados do SNMMP, disse, “nunca estiveram interessados em prejudicar os portugueses”. Pelo contrário, a própria Antram “tem demonstrado o desejo de que a greve se mantenha por tempo indeterminado", obrigando a "questionar qual o intuito”.
“É imperativo e urge demonstrar à Antram que os motoristas de matérias perigosas não irão abdicar daquilo que é seu por direito”, frisou.