10 set, 2019 - 12:03 • Lusa com Redação
Relatório anual “Education at a Glance”, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), volta a alertar para o envelhecimento da classe docente em Portugal.
Segundo a OCDE, é uma das mais velhas da comunidade, com 40% dos professores com 50 anos ou mais e apenas 1% abaixo dos 30 anos.
No dia em é conhecido este relatório, o Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN) lança, no Porto, a ação de campanha "Tornar atrativa a carreira e rejuvenescer o corpo docente" para denunciar que a classe docente está envelhecida e em risco.
"A nossa profissão está novamente de risco, com uma profissão docente muito envelhecida", disse Laura Rocha, da distrital do Porto da SPZN, durante a ação de campanha, que arrancou esta manhã junto às escolas Rodrigues de Freitas e Conservatório de Música do Porto e vai terminar a 30 de setembro, em Braga.
Em declarações à Lusa, Laura Rocha afirma que é "muito grave" o facto de "mais de 50% dos professores em Portugal terem mais de 55 anos".
Quando hoje se fala de professores jovens são "professores com 40 anos", quando antigamente se falava em "24 ou 25 anos" e estavam a iniciar a carreira.
"Esse refrescar da profissão já não acontece há algum tempo, porque os mais velhos são obrigados a trabalhar até aos 67 anos e, portanto, não podem ir embora e se forem vão altamente penalizados. Os mais novos não conseguem entrar, porque se os mais velhos não saem, os mais novos não entram e, portanto, isto é muito desprestigiante", considerou Laura Rocha, docente de biologia.
Segundo aquela professora, "já ninguém quer ir para professor" e daí a necessidade de fazer uma ação de campanha para sensibilizar a necessidade de reconhecimento da profissão. "São muitos anos sem ver a sua profissão reconhecida", disse, lembrando que há muitos professores que se queixam de ter estado a trabalhar todo o mês de agosto e que vão começar o ano letivo "já cansados".
Nos seus programas eleitorais para as legislativas de 6 de outubro, alguns partidos abordam o problema do envelhecimento da classe docente.
Tanto o CDS como o Bloco de Esquerda propõem um período extraordinário de reformas antecipadas para professores de forma a tentar rejuvenescer o corpo docente.
No seu programa eleitoral, o PS compromete-se a elaborar um diagnóstico de necessidades docentes de curto e médio prazo (5 a 10 anos) e um plano de recrutamento que tenha em conta as mudanças em curso e as tendências da evolução na estrutura etária da sociedade e, em particular, o envelhecimento da classe docente.
“Sem contrariar a convergência dos regimes de idade da reforma, encontrar a forma adequada de dar a possibilidade aos professores em monodocência de desempenhar outras atividades que garantam o pleno aproveitamento das suas capacidades profissionais”, defendem os socialistas.
[notícia atualizada às 13h32]