14 out, 2019 - 20:35
O Estado determinou a entrada de mais de 518 milhões de euros “em numerário” na CP para “cobertura de resultados transitados negativos”, de acordo com um comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A transportadora informou que o Estado “determinou a entrada de capital, em numerário, no valor global de 518.616.538 euros, para cobertura de resultados transitados negativos”.
Segundo explicou fonte da CP, este valor será usado “exclusivamente” no reembolso de um empréstimo obrigacionista que vence em outubro.
Em outubro de 2009, o Governo autorizou a CP a emitir um empréstimo obrigacionista de 500 milhões de euros, destinado a financiar o passivo de curto prazo da empresa, segundo um despacho publicado em Diário da República. A operação, com um prazo de 10 anos, contava com a "garantia pessoal do Estado".
Em abril deste ano, a CP anunciou que tinha reduzido os prejuízos em 5,6% no ano passado, atingindo os 105,6 milhões de euros, face aos 112 milhões de euros registados em 2017.
No relatório e contas da empresa, a CP revela que atingiu no ano passado 259 milhões de euros em proveitos de tráfego, um aumento de 3,7% em relação a 2017, com o crescimento de 3,5% do número de passageiros transportados, num total de 126,2 milhões. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da transportadora, pelo contrário, reduziu-se em 15%, para 9,4 milhões de euros. Os gastos operacionais da empresa subiram 4,3%, fixando-se em 279 milhões de euros, de acordo com o mesmo documento.
Numa mensagem publicada no relatório, o presidente da CP, Carlos Nogueira, lembrou que “a empresa depara-se com fortes constrangimentos à sua atividade decorrentes do atraso na concretização de investimentos na infraestrutura ferroviária, da obsolescência e vetustez do parque de material circulante, sem a correspondente substituição e da desadequação do quadro de efetivos dos diferentes níveis às necessidades funcionais”.
O presidente da CP disse ainda que são “absolutamente cruciais” os planos de recrutamento previstos de 2018 e 2019 “que aguardam aprovação superior”. E avisou mesmo que, caso não sejam cumpridos, “será inevitável a redução da oferta e, em consequência, o não cumprimento dos níveis de serviço preconizados no Contrato de Serviço Público”.