Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Os passes "low cost" e as dores de cabeça das empresas de transportes

22 out, 2019 - 17:52 • José Carlos Silva

A fazer quase sete meses, o Programa de Apoio à Redução Tarifária devolveu milhares de pessoas aos transportes públicos. E as empresas mal têm mãos a medir.

A+ / A-

O dinheiro das compensações ainda não entrou nas empresas, o cálculo será feito mais tarde, e a verba a atribuir terá em conta o sucesso da medida.

Até lá, há empresas que se adaptaram, outras que apenas monitorizam o processo, e outras que estão de mãos atadas porque mal têm dinheiro para fazer face aos desafios do dia a dia.

Metropolitano de Lisboa, contra-relógio na linha

O Metro da capital viu crescer em 5.506.476, o número de passageiros transportados. Isto no período entre abril e agosto deste ano para um total superior a 70 milhões de passageiros.

O crescimento obrigou a medidas suplementares. As mais visíveis para os utilizadores são observáveis em duas linhas, a azul e a amarela, mas apenas nas horas de ponta

Na linha azul foi acelerado o tempo de espera entre comboios. 4 minutos é a frequência. Na linha amarela, a espera ainda é menor: três minutos e 35 segundos.

O que não se vê, mas foi feito, foi um aumento dos postos abertos de venda de passes nos últimos dias e primeiro dia de cada mês. O que obrigou ao recurso a trabalho suplementar. Também foram reforçados os serviços de vigilância e de limpeza e foi aumentado o ritmo de recolha de valores nas estações.

CP – Comboios de Portugal, nada de significativo a assinalar

A CP foi a única das quatro empresas de transportes públicos contactada pela Renascença que não forneceu dados que permitam perceber até que ponto a “revolução” nos passes sociais “mexeu” com esta verdadeira máquina de transportar passageiros.

Na resposta que recebemos, é garantido que “a CP monitoriza diariamente a ocupação dos seus comboios, no sentido de verificar a evolução da procura e efetuar algum ajustamento à oferta que se revele necessário e possível”.

Conclui a empresa que “até este momento não foram efetuadas alterações significativas”.

Transtejo/Soflusa limitada

A Transtejo e a Soflusa são responsáveis por cinco ligações fluviais no rio Tejo em Lisboa. De 1 de Janeiro a 30 de junho detetou um aumento da procura deste meio de transporte na ordem dos 9 por cento.

Uma das ligações, entre o Cais do Sodré e a Trafaria viu o número de passageiros crescer 28 por cento.

Contas feitas, só nos primeiros seis meses do ano, a Transtejo/Soflusa registaram nove milhões e meio de validações.

Contudo, não é novidade para ninguém, os constrangimentos com que a empresa se debate. Enfrentou recentemente protestos de funcionários e também de clientes, e as embarcações já tiveram melhores dias do ponto de vista operacional.

Não é por isso de estranhar que as limitações de facto, se traduzam nas respostas que recebemos: “do ponto de vista operacional, não obstante o crescimento da procura, os atuais constrangimentos operacionais e de recursos humanos da TTSL inviabilizam o reforço da oferta do serviço público de transporte fluvial, em especial nos horários de ponta”.

Ainda assim, esclarece a Transtejo/Soflusa que a curto prazo a empresa vai manter o esforço e investimento na manutenção da frota, de forma a garantir a operacionalidade da oferta diária.

Fertagus – Por favor, chegue á frente

A Fertagus nunca foi considerada uma empresa de transporte “barata”. Mas a qualidade no transporte oferecida, o muito razoável cumprimento de horários e a escassa contestação laboral, ajudaram a consolidar as ligações ferroviárias entre as duas margens.

Em Setembro, a empresa reforçou a oferta, criando mais 20 mil lugares na Fertagus. Os horários foram alterados, foram colocados mais 15 comboios duplos com capacidade para 2.400 passageiros cada, e foram acrescentados mais 7 comboios em Setúbal.

A empresa admite poder vir a colocar mais um reboque em alguns comboios.

A par destas alterações, a Fertagus estreou já um comboio sem bancos junto às portas. Cristina Dourado, administradora da empresa explicou à Renascença que há uma “grande dificuldade dos passageiros em avançar para os corredores superior e inferior e assim utilizar a capacidade total dos comboios, optando por se concentrar na zona do hall”. A empresa ao retirar os bancos nas entradas espera ajudar a resolver o problema, e apela aos passageiros para… chegarem à frente.

Este novo “desenho” no interior do comboio será alvo de um estudo de opinião junto dos utentes da Fertagus que arranca esta semana.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Maria Manuela Nunes das Neves
    23 out, 2019 11:00
    A CP não tem nada a dizer? Na estação do Rossio, a partir das 17,30 só funciona a plataforma 3. Chega um comboio quase à hora de partir o que lá está assinalado. É ver os passageiros a quererem sair e os outros a quererem entrar. O comboio quase sempre sai atrasado. E a cena repete-se para todos os comboios seguintes. Uma tristeza.

Destaques V+