21 nov, 2019 - 00:40 • Ana Carrilho
O Turismo de Portugal devia fazer mais promoção junto do mercado espanhol, que já tem Portugal como primeiro destino estrangeiro. Porque “nuestros hermanos” estão a viajar mais e porque os constrangimentos no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, nos próximos anos vão travar a chegada de mais turistas. Esta é a posição que foi assumida esta quarta-feira, em conferência de imprensa, pelo presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Raúl Martins, a horas de início do congresso da associação, que decorre até sexta-feira, em Viana do Castelo.
O hoteleiro defendeu, também, uma maior cooperação ibérica na captação de mercados longínquos. E chamou a atenção para a necessidade de se avançar para a construção de um novo Centro de Congressos em Lisboa, que possa receber grandes eventos.
Turismo de Portugal devia fazer mais promoção junto do mercado espanhol
Com os constrangimentos no Aeroporto de Lisboa, que deverão prolongar-se pelos próximos dois a três anos, a AHP considera que é preciso fazer mais promoção do país junto do mercado espanhol.
Até porque estes turistas recorrem muito ao automóvel ou às excursões de autocarro para se deslocarem ao nosso país. “Tem havido promoção em Espanha, mas se calhar não é a suficiente porque sempre a demos por adquirida”, afirma Raúl Martins.
O líder dos hoteleiros nacionais reforça os seus argumentos com o facto dos espanhóis estarem a viajar cada vez mais, devido à recuperação económica. E se o seu próprio país é o primeiro destino, Portugal surge logo a seguir. O ano passado o mercado espanhol gerou cerca de dois milhões de hóspedes, 4,8 milhões de dormidas e 2,2 mil milhões de euros de receitas turísticas, 13% da receita global. Números que refletem um crescimento em relação a 2017.
“Mas o Turismo de Portugal está é preocupado com os novos destinos”, critica Raul Martins.
O mesmo tom se aplica à cooperação entre os organismos de promoção turística de Portugal e Espanha para a divulgação do mercado ibérico em mercados longínquos da Ásia e América, captando outros segmentos de turismo com maior poder económico.
“Mas, se estamos à espera do Turismo de Portugal e de Espanha, esqueçam”. E diz que era importante que as agências de viagens portuguesas e espanholas se entendessem. Para Raúl Martins, o que faz sentido é que sejam as agências a ter a iniciativa e, “depois, cá estão os hotéis disponíveis”.
As queixas contra o Turismo de Portugal continuam relativamente à estadia média que “continua a ser relativamente pequena e precisamos que aumente”. Como se faz? Questiona o hoteleiro, ao mesmo tempo que propõe a adoção de um programa “Stopover” que levasse os turistas a permanecer mais tempo no país.
Por outro lado, Raúl Martins considera que as regiões têm um papel fundamental: não se vai ver especificamente uma cidade, mas sim toda uma região onde está inserida.
Grandes eventos à espera do prometido novo Centro de Congressos
O novo Centro de Congressos de Lisboa já devia estar em funcionamento para acolher a última edição do Web Summit, mas ainda nem sequer foi começado.
Na opinião do presidente da AHP, está a fazer falta para receber grandes eventos, com milhares de pessoas. “Capacidade hoteleira, há. Falta o Centro de Congressos, que já devia estar pronto, e o aeroporto: “se a ANA desse resposta a todas as companhias interessadas em voar para Lisboa, poderíamos ter mais dois milhões de turistas”, conclui Raul Martins.
Em pano de fundo neste congresso da Associação da Hotelaria de Portugal vão estar vários dados do setor, como os 69% de taxa de ocupação hoteleira, de janeiro a agosto, menos 1% que no mesmo período do ano passado, segundo o Hotel Monitor, um programa de análise estatística e económica da operação hoteleira que recolhe dados operacionais de estabelecimentos hoteleiros em todo o país.
O preço médio por quarto (ARR) foi de 97 euros e o rendimento por quarto disponível (RevPAR) de 68 euros.
Um total de 77% dos turistas vieram a Portugal em lazer e 15% em negócios.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro semestre deste ano, houve 32 milhões de dormidas, mais 35% do que no mesmo período de 2018. Os estrangeiros garantiram mais de 70% dessas dormidas.
Os destinos mais procurados foram o Algarve, Área Metropolitana de Lisboa e Norte.
Quanto a infraestruturas, nos primeiros seis meses do ano Portugal ganhou mais 17 hotéis, um terço dos quais, na região Norte. Em agosto, Portugal tinha 1.506 hotéis com um total de 205.816 camas. A Área Metropolitana de Lisboa tem 301 hotéis, 204 dos quais na cidade de Lisboa. No total, asseguram 54 mil camas.
Contando com o Alojamento Local registado, o número de camas mais do que triplica para 156 mil, na Área Metropolitana.