11 fev, 2020 - 16:39 • Redação
As contas bancárias de Isabel dos Santos foram congeladas pelas autoridades judiciais portuguesas, confirma a Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Confirma-se que o Ministério Público requereu o arresto de constas bancárias, no âmbito de pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades angolanas", refere a PGR, em comunicado enviado às redações.
A notícia foi avançada esta terça-feira pelo jornal "Expresso", que cita duas fontes do setor bancário com conhecimento na matéria, segundo as quais o pedido teria sido efetuado pelas autoridades angolanas, o que se confirma.
O congelamento engloba as contas bancárias e participações em empresas no valor total de mais de dois milhões de euros. As autoridades consideram que é este o valor do prejuízo causado por Isabel dos Santos aos cofres angolanos. A decisão foi tomada por um juiz português e a empresária pode recorrer.
Até ao momento, segundo aponta o Expresso, o congelamento a mando da Justiça envolve as contas da empresária angolana no Millennium BCP. Contactado pela Renascença, o banco em questão não quis comentar a notícia.
A SIC Notícias adianta que em causa estão, pelo menos, três dezenas de contas em quatro bancos: BCP, Eurobic, Caixa Geral de Depósitos e BPI.
Também foram congeladas contas de Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, e da sócia Paula Oliveira, adianta a SIC.
A mulher mais rica de África montou uma teia de in(...)
Isabel dos Santos foi constituída arguida, em Angola, na sequência das revelações do “Luanda Leaks”, uma mega investigação conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e os seus parceiros. Foram revelados, no final de janeiro mais de 715 mil ficheiros, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Isabel dos Santos terá planeado um esquema de ocultação que permitiu o desvio de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai, que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e ex-administradora da NOS.
O "Luanda Leaks" revela que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos, com 42,5% do capital, era a principal acionista e do qual agora está de saída, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana