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Coronavírus. Ajuda às empresas “é esforço considerável”, mas acesso tem de ser simplificado

18 mar, 2020 - 14:29 • Ana Rodrigues , Cristina Nascimento

Patrões e sindicatos reagem ao novo pacote de três mil milhões de euros anunciados pelo Governo para ajudar a mitigar o impacto do surto de coronavírus.

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O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Carlos Silva, reconhece que o novo pacote de ajuda financeira às empresas, para enfrentar as consequências do coronavírus, “é um esforço considerável”.

“Para o esforço do país é realmente um esforço considerável, três mil milhões”, diz à Renascença o sindicalista. No entanto, acrescenta, pode não ser o suficiente.

“É fundamental que a economia continue a funcionar e para a economia funcionar é fundamental que os empregos sejam preservados”, sublinha.

Por isso, diz Carlos Silva, o executivo deve munir-se de uma “bazuca financeira”, recorrendo, por exemplo, “à disponibilidade da presidente da Comissão Europeia e do próprio Banco Central Europeu e do Eurogrupo em reforçarem o apoio aos estados da União Europeia, com mais uma injeção financeira”.

Carlos Silva alerta ainda para os riscos de virem a ser desrespeitados direitos dos trabalhadores. “Temos conhecimento que há empresas que vão deixar de laborar, já estão paradas, há ‘lay offs’ que podem eventualmente até ser abusivos e entrarem em esquemas que violem os direitos dos trabalhadores - imposição unilateral das férias, ‘lay offs’ abusivos, despedimentos coletivos, suspensão dos seus vínculos”, enumera.

Já a líder da CGTP, Isabel Camarinha, aponta especificamente para a questão das férias.

“O direito a férias é um direito irrenunciável, a própria lei assim o caracteriza e destina-se à recuperação física e psíquica dos trabalhadores depois de um ano de trabalho”, explica à Renascença.

“Fazer com que os trabalhadores vão de férias para resolver o problema desta fase que estamos a atravessar é completamente inaceitável”, acrescenta a sindicalista.

Isabel Camarinha alerta também para a necessidade de ser garantida a totalidade de retribuição aos trabalhadores que, justifica vão ter de “fazer face a todas as despesas que já tinham e ainda despesas acrescidas, porque milhares de trabalhadores que vão ter que ficar em casa com os filhos, por exemplo, vão ter mais despesa de luz, gás, água, alimentação”.

Patrões pedem simplificação no acesso aos apoios


Também ouvido pela Renascença, o presidente da Conferência Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, diz que as medidas agora anunciadas são boas notícias. No entanto, acrescenta, “só têm efeito, se chegarem aos destinatários”.

“As primeiras medidas dos 200 milhões ainda não chegaram ao terreno ou começaram a chegar muito deficientemente, precisamente por essa burocracia e essa complexidade de regulamentação e de acesso”, revela.

Por isso, reforça, “para chegarem aos destinatários, temos que remover as barreiras, fundamentalmente de burocracia e complexidade que ainda temos”.

António Saraiva apela ainda a uma maior rapidez do sistema bancário.

O Governo apresentou esta quarta-feira um novo pacote de ajuda a empresas, no valor de três mil milhões de euros, parte desse valor dedicado especificamente às pequenas e micro empresas.

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