26 mar, 2020 - 17:00 • Dina Soares, com Lusa
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O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, considera que os bancos devem emprestar dinheiro às empresas a custo zero com garantias estatais a esses créditos. Num artigo de opinião publicado no “Financial Times”, Mario Draghi defende que é necessário mobilizar todo o sistema financeiro face ao choque económico causado pela covid-19 e que só assim se poderá evitar a perda de empregos e de capacidade produtiva.
Draghi, que saiu do BCE em 2019, compara esta pandemia a uma “tragédia humana potencialmente de proporções bíblicas”, o que vai obrigar os governos a tomarem medidas acarretam elevados custos económicos para poderem proteger vidas humanas.
Face a esta situação, prevê que “a resposta envolve um aumento significativo da dívida pública” e acrescenta que “uma profunda recessão é inevitável”. Desafia, portanto, os governantes a agir com força e rapidez suficiente para prevenir que a crise se transforme numa prolongada recessão com danos irreversíveis.
Para Draghi, os trabalhadores que não conseguirem manter os seus empregos têm que ser subsidiados, mas o mais importante é ajudar as empresas a manterem os postos de trabalho e é aí que entram os bancos. Alerta também para a possibilidade de, mesmo a custo zero, algumas empresas não conseguirem saldar as suas dívidas e nesses casos defende o cancelamento dessas dívidas.
Só assim, garante o ex-governador do Banco Central Europeu, será possível evitar a destruição permanente de grande parte da capacidade produtiva da economia e, logo, das receitas do Estado. Apesar de reconhecer que a Europa possui uma estrutura financeira que permite canalizar recursos para a economia e um setor público forte, capaz de coordenar uma resposta política rápida, Draghi diz que a rapidez é essencial para a eficácia
Em Portugal, o Governo disponibilizou linhas de crédito garantidas pelo Estado no valor total de 3.000 milhões de euros para financiar necessidades de tesouraria e fundo de maneio de empresas, valor que os bancos consideram muito baixo face às necessidades das empresas afetadas pela severa crise provocada pela covid-19.