01 abr, 2020 - 22:48 • Pedro Mesquita
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Está em curso uma verdadeira revolução industrial solidária na resposta à pandemia de Covid-19. E desta vez a o exemplo chega de uma fábrica de Aveiro, a OLI, que produz autoclismos e componentes para autoclismos.
"Temos contactos com a ERISING, que é uma startup com origem no Instituto Superior Técnico, e com o INEGI, que está ligado à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto", explica o administrador da empresa, António Oliveira, à Renascença. "Há cerca de duas semanas abordaram-nos, dizendo que estavam a afinar um projeto colaborativo humanitário. Tinham desenvolvido um suporte de viseira para proteção do pessoal hospitalar.”
A reação positiva foi imediata. A partir de agora, vão ser produzidas 20 mil unidades por semana e 80 mil por mês, numa altura em que a fábrica se encontra a laborar 24 horas por dia e sete dias por semana. A 6 de abril, no início da próxima semana, começam a ser distribuídos os primeiros suportes de viseira.
O modelo de viseira tem a particularidade de dispor de duas versões, com ou sem cobertura superior, consoante a sua utilização hospitalar, em combinação com outros equipamentos de proteção como cogulas e fatos. Este é um dos equipamentos de que os profissionais de saúde mais precisam para lutar contra a pandemia, por isso, aceitamos este desafio no primeiro momento, indica a OLI em comunicado.
“Vencemos o desafio e, a partir de segunda-feira, vamos começar a distribuir os suportes pela Administração Regional de Saúde do Norte, pelos hospitais da região de Aveiro e de Lisboa e Vale do Tejo”, adianta o empresário.
A OLI promete acelerar a produção e contribuir com o seu esforço neste combate à pandemia. Para o efeito, destinou uma máquina de moldes para produzir as componentes das viseiras, usando os próprios materiais e mão-de-obra, em parceria com a ERISING, num projeto que conta ainda com o ISEP, FEUP, INEGI e LAETA.
“O nosso objetivo é oferecer estes suportes de viseira, e depois os técnicos, que os vão usar, completam as viseiras com acetato e elásticos para a fixação", diz António Oliveira. "Não temos qualquer objetivo de fazer dinheiro com isto. Os suportes serão oferecidos e é este o nosso contributo."
“Se a procura o justificar", adianta o responsável da empresa, "poderemos avançar com um novo molde com maior capacidade de produção". Os planos para o futuro a curto prazo passam ainda por "informar os nossos parceiros de Espanha e de Itália para a possibilidade de oferecermos estas viseiras para serem distribuídas nas unidades hospitalares das suas regiões”.