02 abr, 2020 - 10:19 • Sandra Afonso com Lusa
A Groundforce Portugal vai colocar mais de 2.400 trabalhadores em "lay-off", 69 terão o seu horário de trabalho reduzido e os administradores executivos propuseram uma redução de 30% do salário, para fazer frente ao impacto económico da pandemia do novo coronavírus, anunciou a empresa, esta quinta-feira.
Em comunicado, a Groundforce diz-se “fortemente afetada pela paragem de quase toda a frota TAP” e pelo “decréscimo abrupto” registado em todas as escalas onde opera, por causa da Covid-19.
Entre as medidas decididas pela subsidiária da TAP, estão a colocação de 2.425 trabalhadores (85,6% do total) em suspensão temporária da prestação de trabalho ao abrigo do "lay-off" simplificado. Todos receberão 2/3 das remunerações fixas mensais.
A empresa diz, ainda, que 55 trabalhadores (1,9% do total) – das áreas de suporte e chefias operacionais – terão o seu horário normal de trabalho reduzido em 15% e outros 14 (0,5% do total) - das áreas de suporte – terão uma redução do período normal de trabalho, “variável em função das necessidades operacionais, e receberão 2/3 das remunerações fixas mensais”.
À Renascença, o responsável da Groundforce Paulo Neto Leite fala numa redução drástica da operação. Ainda assim, diz que a preocupação foi manter todos os trabalhadores e a receberem:
"Reduzimos 96% da nossa atividade, no número de voos. Agora, no mês de abril, há 2.425 pessoas que vão ficar em suspensão temporária de prestação de trabalho, ao abrigo do lay off simplificado, vão receber todos dois terços das remunerações mensais. A nossa preocupação foi sempre manter os postos de trabalho."
Mesmo com estes cortes, a empresa mantém uma factura salarial mensal de quase dois milhões, o que já inclui a redução voluntária do ordenado da administração: "30% é uma redução voluntária dos administradores, que não têm apenas uma redução do salário. Os directores ficarão com uma redução de 20% do seu período normal de trabalho e, consequentemente, do seu salário."
"Continuaremos a ter encargos mensais de cerca de 1 milhão e 900 mil euros por mês."
Estas medidas entram em vigor amanhã, sexta-feira. e está previsto que se prolonguem por 30 dias, mas podem ser renovadas, caso seja necessário.
Para já, dos 2832 trabalhadores da Groundforce, 24.25 entram em regime de lay off simplificado.
Estas medidas têm o apoio dos sindicatos, apenas a Comissão de Trabalhadores não esteve presente na última reunião.
[notícia atualizada às 14h00 com declarações de responsável da Groundforce]
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Segundo a Groundforce, 324 colaboradores (11,4% do total) ficarão a garantir as operações diárias.
Em comunicado, a empresa adianta ainda que “os diretores da empresa terão 20% de redução do período normal de trabalho e os administradores Executivos, voluntariamente, propuseram uma redução de 30% da sua remuneração”.
Citado no comunicado, o presidente da Groundforce, Paulo Neto Leite considera que esta “é uma decisão difícil, mas necessária para a manutenção da empresa”.
“Garante a proteção dos colaboradores, que são o nosso maior ativo, e que tem como finalidade manter a família Groundforce unida e intacta face aos danos e consequências decorrentes deste surto”, considera o responsável. Paulo Neto Leite frisa que se está a viver “uma crise mundial sem precedentes”, que afeta a saúde pública de forma muito agressiva, a economia mundial e o setor.
Dos 19.840 movimentos previstos para o mês de abril, para os quais a empresa tinha dimensionado a operação em equipamentos e recursos humanos, apenas serão realizados 778.
“Esta situação implica uma redução de 96% na atividade da Groundforce”, sublinha a empresa.
A Groundforce salienta, ainda, que existem vários aeroportos onde a empresa está a operar que não tem previsto qualquer voo. Contudo, lembra que, por prestar um serviço público, terá sempre de “garantir uma capacidade operacional permanente para qualquer eventualidade”.
As medidas irão vigorar a partir de sexta-feira, por um período de 30 dias (que poderá ser alargado) e permitem garantir que os postos de trabalho, para todos as funções e cargos, estão assegurados durante 60 dias após estas medidas (ou da sua extensão).
Estas medidas foram apresentadas na quarta-feira numa reunião conjunta entre a Administração da Groundforce Portugal e todos os Sindicatos (SIMA, SINTA, SQAC, SITAVA, STAMA, STHA e STTAMP), onde não compareceu a Comissão de Trabalhadores, e foram informados todos os trabalhadores, refere a nota.
Em Portugal, os últimos números da pandemia do novo coronavírus dão conta de 187 mortes e 8.251 casos de infeção.