08 abr, 2020 - 13:27 • Ana Rodrigues
Veja também:
Um grupo de 150 empresas do concelho de Ovar vai apresentar, nos próximos dias, um pedido ao Governo para reabertura de atividade. “Os efeitos nos negócios são terríveis”, alertam.
Como a união faz a força, os pequenos comerciantes juntaram-se para, em conjunto, pedir igualdade de oportunidades que o executivo, garantem, está a dar às grandes empresas.
O pedido ao Governo vai ser feito através do Gacema, um grupo de apoio aos comerciantes e empresários de Ovar que está, desde o início do estado de calamidade, a dar apoio aos empresários da região.
Henrique Araújo, responsável pelo Gacema, diz que a “cerca sanitária já vai na segunda quinzena. Os efeitos nos negócios são terríveis e não se sabe quando é que isto vai ter um fim”.
O que se pretende, garante, “é conseguir as mesmas oportunidades aos pequenos empresários que o Governo deu a outras empresas com o mesmo CAE [classificação de atividade económica]”.
Coronavírus
As novas medidas prometem aliviar ligeiramente os (...)
A gota de água para muitos empresários de Ovar foi o despacho nº4148-A/2020 de 5 de abril, onde o executivo elenca as empresas e indústrias que podem voltar a funcionar.
O estado de calamidade e a cerca sanitária foram prolongados em Ovar, até 17 de abril. O Governo autorizou, até agora, três dezenas de empresas a laborar. Neste grupo a Bosch Secutiry Systems, Alcobre, Bi-Silque, Cordex, Kirchhoff Automotive Portugal, Polipop, Tecnocabel, Valmet e Yazaki Saltano Ovar, bem como a Elastictek, a Exporplás e mais 19 empresas. Mas há dezenas e dezenas de outros negócios que não estão nesta lista.
São empresas, refere Henrique Araújo que “conseguiram e bem convencer o Governo que tinham mesmo de trabalhar porque tinham paradas encomendas de milhares de euros”.
“Só que os outros empresários, mais pequenos também têm de comer, pagar contas e não podem continuar com os negócios parados mais tempo”, sublinha.
Foi o caso de António Silva, até há poucos dias. Este dono de uma empresa de embalagens conseguiu voltar a abrir portas, “a meio gás, com metade dos funcionários e poucas encomendas”.
Reconhece que é um “privilegiado, tendo em conta os outros empresários que não conseguem estar a funcionar”, mas “é uma injustiça muito grande” e teme não conseguir recuperar o negócio que tantos anos levou a construir.
Para este empresário, “a cerca sanitária foi um erro que os habitantes e empresários de Ovar estão a pagar muito caro”.
“Não foi inteligente fechar o concelho, porque o país vive todo o mesmo problema. O vírus está em todo o lado”, acrescenta.
Os empresários de Ovar fazem, por isso, um apelo urgente ao Governo, para que “permita, por amor de Deus, que todas as empresas possam começar a trabalhar”.