08 abr, 2020 - 09:05 • Luís Aresta
Nas últimas semanas, a Metro do Porto registou uma quebra de 90% no número de validações de passes e outros títulos de transporte em toda a rede, composta por cerca de 70 Km de linhas e mais de 80 estações. Apesar da queda na procura, os planos da empresa passam por manter todos a trabalhar ou em prontidão para o fazer.
"O 'lay-off' iria retirar-nos capacidade de ter força de trabalho apta em qualquer momento, numa situação de contingência que felizmente, até este momento, não veio a verificar-se", diz à Renascença o administrador Tiago Braga, antes de exemplificar com o serviço público que a Metro do Porto tem obrigação de assegurar.
"No Hospital de São João há um vasto conjunto de profissionais que depende do metro para ir trabalhar e não podemos defraudar de forma alguma essas pessoas", salvaguarda.
Este é apenas um, entre outros exemplos, que contrastam com o impacto do confinamento populacional, no número de passageiros transportados. E tudo começou com o fecho das escolas e estabelecimentos de ensino superior, como se percebe.
"Ainda antes das medidas de contenção terem sido tomadas, fomos verificando uma redução gradual da procura. No dia 17 de março a redução já era de 80%; passámos de uma média de 280 mil validações para cerca de 50 mil. Neste momento, já estaremos a falar de uma redução da procura na ordem dos 90%, o que nos obrigou também a ajustar a oferta, garantindo em qualquer circunstância o serviço público", diz Tiago Braga que, por agora, declina fazer contas ao prejuízo.
"Estamos a acompanhar diariamente a evolução, porque nos é exigido garantir a sustentabilidade económica e financeira da operação, mas é muito prematuro avançar com números. O impacto financeiro do mês de março está a ser calculado, mas não será o mais efetivo; tudo irá depender muito das condições que iremos ter de agora em diante", assinala.
Até dia 25 de maio, a Metro do Porto espera receber, dos diferentes consórcios, as novas propostas para a execução dos cerca de 6,5 Km de linhas que tem previsto concluir até ao final de 2023. Isto depois de, já em fevereiro deste ano, a empresa ter sido confrontada com propostas de valor acima do esperado e, por esse motivo, rejeitadas.
A Metro do Porto encetou, de então para cá, contactos com o Governo, que permitiram um reforço de verbas para as duas empreitadas em causa, medida que veio a ser aprovada no mesmo dia em que foi decretado o estado de emergência. Tiago Braga esclarece que "a empreitada da nova Linha Rosa, que inicialmente tinha um valor base de 175 milhões de euros passou para 235 milhões; a expansão da Linha Amarela passou de 95 milhões para 130 milhões de euros".
Contrariamente ao que se passava no final do ano passado e nos primeiros dois meses de 2020, o cenário económico é agora de crise, mas o administrador da Metro do Porto considera que "é muito cedo para dizer se o impacto de todo este processo no setor se traduz numa pressão em alta ou em baixa relativamente ao preço de cada uma das propostas. A nossa expetativa é que, com base neste reforço do preço-base das empreitadas, seja possível o mercado encaixar-se nestes valores e que nesta fase tenhamos propostas que possam ser consideradas válidas".
A reavaliação de prazos também está feita e a Metro do Porto concluiu que continua a haver condições para que a expansão da rede fique concluída nas datas prevista. Março de 2023 é o prazo para a conclusão da expansão da Linha Amarela em 3,5 Km a partir de Santo Ovídio, com três novas estações - Manuel Leão (junto à escola EB 2/3Soares dos Reis), Hospital Santos Silva e Villa d'Este.
Para dezembro do mesmo ano está prevista a conclusão da nova Linha Rosa, com cerca de 3 km totalmente em túnel, entre os Aliados e a Casa da Música, com novas estações no Hospital de Santo António e Praça da Galiza. E se a expansão da Linha Amarela vai ficar por Vila d'Este, deixando de fora, áreas de concentração populacional como Rechousa ou Canelas, já a Linha Rosa é vista pela Metro do Porto como "o primeiro passo de uma ligação circular, em fase de estudo", com possibilidade de expansão para sul até à estação ferroviária das Devesas, em Vila Nova de Gaia e, dentro do Porto, até às estações dos Combatentes ou Polo Universitário.