09 abr, 2020 - 13:19
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Um estudo divulgado pelo Instituto Mundial da Universidade das Nações Unidas alerta que a pandemia da Covid-19 pode deixar mais 520 milhões de pessoas a viver com rendimentos inferiores a cinco euros por dia.
O estudo conclui que a pandemia do novo coronavírus vai aumentar o número de pobres nos países em desenvolvimento, referindo que, num cenário de contração económica de 20% em relação a 2018 - o pior que o instituto antevê –, 520 milhões de pessoas podem passar a viver abaixo do limiar de pobreza dos 5,5 dólares (cerca de 5 euros) por dia.
Este valor representa 8% do total da população humana, refere o estudo publicado pela UNU-WIDER, sublinhando que esta “seria a primeira vez que a pobreza aumentaria globalmente desde 1990”.
De acordo com os autores - Andy Sumner e Eduardo Ortiz-Juarez, do King's College London, e Chris Hoy, da Universidade Nacional da Austrália –, uma queda da economia desta ordem “reverteria em uma década o progresso global na redução da pobreza”.
Este valor é idêntico ao avançado na quarta-feira pela organização não-governamental Oxfam, que estimou que a pandemia do novo coronavirus pode colocar mais de 500 milhões de pessoas em situação de pobreza, na ausência de medidas de apoio aos países mais frágeis.
O Instituto Mundial da Universidade das Nações Unidas para Pesquisa em Economia do Desenvolvimento, que faz parte da Universidade das Nações Unidas, refere ainda que, neste cenário, 420 milhões de pessoas deverão passar a sobreviver com menos de 1,9 dólares diários (cerca de 1,7 euros).
Ainda de acordo com o estudo, 580 milhões viverão com menos de 3,20 dólares por dia (3 euros).
A análise prevê, no entanto, cenários de contração da economia menos graves, fazendo análises para o caso de uma queda de 5% ou de 10%.
“Numa contração de 10%, caso todos os outros pressupostos se mantenham iguais, os aumentos na contagem de pobreza” esperados mostram que 180 milhões de pessoas vão passar a viver com menos de 1,9 dólares diários e 250 milhões com menos de 5,5 dólares por dia, adianta o documento.
No cenário menos duro em termos económicos, ou seja, caso a pandemia provoque uma contração da economia na ordem dos 5%, os autores do estudo estimam que mais de 80 milhões de pessoas vão viver com um rendimento inferior a 1,9 dólares diários e 124 milhões com menos de 5,5 dólares.
A concentração de novos pobres abaixo da linha de 1,9 a 3,2 dólares por dia ocorreria, de acordo com os autores, nas regiões mais carentes do mundo, nomeadamente na África subsaariana e no sul da Ásia.