15 abr, 2020 - 23:18 • Ana Carrilho
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A história já mostrou que as crises são mais duras para os mais vulneráveis e os jovens entram nesse grupo.
No artigo publicado esta quarta-feira no blog da OIT, “Work in progress”, em que os especialistas da organização debatem as tendências do mundo do trabalho, Susana Puerto e Kee Kim lembram que, mesmo em altura de crescimento económico, é difícil, para os jovens conseguirem um “emprego decente”.
O ano passado, antes da pandemia, uma em cada cinco pessoas com menos de 25 anos (267 milhões de jovens em todo o mundo) eram classificados como “NEET”. Ou seja, não trabalhavam, estudavam ou estavam em formação.
E, segundo os especialistas da OIT, há cinco razões que mostram que os jovens, homens e mulheres (sobretudo, elas) serão particularmente afetados pelas consequências económicas da pandemia Covid-19.
Os jovens são, geralmente, os primeiros a ter os horários reduzidos ou a ser dispensados quando as empresas enfrentam dificuldades. A falta de redes e de experiência pode ser um obstáculo na procura de outro emprego, levando-os para trabalho com menos proteção social e jurídica.
Os jovens empresários não estão em melhores condições, já que a falta de experiência pode dificultar a procura de recursos e financiamentos.
Três em cada quatro jovens, a nível global, trabalham na economia informal, por exemplo, na agricultura ou restauração.
Estes sectores, assim como os grossista, retalhista e de alojamento são os mais afetados pela Covid-19. E só na União Europeia, em 2018, um terço das pessoas com menos de 25 anos trabalhava nestas áreas. Para os especialistas da OIT, é muito provável que as mulheres sejam mais afetadas, já representam mais de metade dos trabalhadores desses setores.
A quarta razão prende-se com o facto de muitos jovens trabalhadores estarem em formas de emprego “atípicas”, como trabalho a tempo parcial, temporário, falso independente ou em plataformas digitais (uberização). Trabalhos mal pagos, com horários irregulares, sem segurança no emprego e com pouca ou nenhuma proteção social. Ou seja, sem acesso a subsídio de desemprego se o trabalho faltar.
Por último, dizem os especialistas da Organização Internacional do Trabalho, nalguns empregos, os jovens são mais facilmente substituídos, total ou parcialmente, por máquinas.
Por isso, Susana Puerto e Kee Kim consideram que “quando os líderes mundiais elaboram pacotes de apoio e estímulos, devem incluir medidas especiais para ajudar os jovens, sejam trabalhadores ou empresários”.
E alertam que não são apenas os indivíduos que são prejudicados pelo aumento do desemprego juvenil, “também há um enorme e longo custo para as nossas sociedades”. É que a entrada no mercado de trabalho em período de recessão económica pode levar a perdas significativas e persistentes de rendimentos dos jovens e podem durar toda a carreira. “Ao ignorar os problemas dos jovens trabalhadores corre-se o risco de desperdiçar talento, educação e formação, o que significa que o legado do surto Covid-19 pode durar décadas”.