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TAP pede ajuda ao Estado no "momento mais complicado da sua história"

16 abr, 2020 - 14:36 • Ana Carrilho

"Momentos excecionais exigem medidas excecionais e é evidente que o auxílio do Estado será para salvar a empresa, não se trata de salvar acionistas”, afirma o gestor Miguel Frasquilho.

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Em 75 anos de vida, é o momento mais complicado da TAP, assumiu esta quinta-feira o presidente do Conselho e Administração da transportadora aérea. Ouvido no Parlamento, a pedido do Bloco de Esquerda, Miguel Frasquilho disse que o Governo já recebeu um pedido de ajuda para salvar a empresa.

Os resultados financeiros de 2018 e 2019 ficaram abaixo dos esperado pelos acionistas – Estado e privados – mas os dois primeiros meses deste ano tinham sido muito bons e a companhia até tinha feito contratações para responder ao aumento de atividade. Com a Covid-19, os contratos não foram renovados, 90% dos trabalhadores efetivos estão em lay-off e a TAP precisa de ajuda do Estado. Que chegará, necessariamente, com condições. Muito provavelmente com o reforço da posição pública.

A TAP está à espera de auxílio do Estado e o presidente do Conselho de Administração da companhia aérea deixou claro, por várias vezes, que espera que a resposta do Governo chegue em breve. “Este é o momento mais delicado da sua história de 75 anos”, frisou Miguel Frasquilho.

O gestor diz-se consciente que a ajuda terá contrapartidas, mas é essencial para salvar a companhia aérea nacional.

“Teremos que nos sentar com o acionista Estado, mas também com o acionista privado Atlantic Gateway e verificar quais são os condicionalismos que serão associados ao conjunto de medidas de ajuda que a TAP pediu. Momentos excecionais exigem medidas excecionais e é evidente que o auxílio do Estado será para salvar a empresa, não se trata de salvar acionistas.”

O que poderá envolver um reforço da posição do acionista Estado na TAP, à semelhança do que já está a acontecer com muitas outras companhias aéreas, bem maiores do que a portuguesa.

“É algo que não pode, evidentemente, ser descartado. Aliás, nenhum cenário pode ser descartado”, considera Miguel Frasquilho, embora refira que há outras alternativas. Mas mostra-se convicto que será encontrada a melhor solução para garantir o futuro da TAP, que é muito importante e estratégica para o país.

Um dos acionistas privados da TAP, Humberto Pedrosa, disse na quarta-feira que a empresa precisa de 350 a 400 milhões de euros no curto prazo.


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Depois da Covid-19 reina a incerteza

Os resultados de 2018 e 2019 ficaram aquém do esperado pelos acionistas Estado e privados, mas 2020 começou bem: “os dois primeiros meses tinham corrido bastante bem. Em termos de receita estávamos em linha ou até acima do previsto no orçamento”, revelou o administrador da TAP aos deputados.

A pandemia alterou tudo e agora prevê-se “uma forte queda nas receitas, tanto menor quanto mais cedo seja possível começar a operar, mesmo que lentamente”, admitiu Miguel Frasquilho.

Quando é que isso poderá acontecer, não se sabe. Com tanta incerteza que exige “gestão dia a dia e às vezes, da manhã para a tarde”.

Miguel Frasquilho revelou que a companhia está a trabalhar para que, em maio, já se possam operar mais algumas rotas e fazer mais alguns voos.

Neste momento a TAP está a fazer sete voos por semana (para o Funchal, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo) quando, “em março se planeavam 400/dia”.

Frasquilho admite que tudo depende dos condicionalismos que existirem de diversos países. A ideia era retomar a atividade lentamente, com voos para Paris, Londres e Porto, “mas, entretanto, o presidente Macron decidiu prolongar o estado de emergência. Temos que esperar para saber se vai ser como estamos a pensar”.

Lay-off era inevitável

A TAP aderiu ao lay-off simplificado para 90% dos seus trabalhadores e Miguel Frasquilho diz que não havia outra solução quando 95% da frota já estava em terra e toda a atividade da empresa estava praticamente paralisada.

“Foi a solução para defender o futuro da companhia, manter os postos de trabalho e tentar minimizar o impacto na vida dos trabalhadores.”

Entretanto, os contratos a termo não foram renovados porque não se verificava o acréscimo de atividade que tinha levado a essas contratações.

No entanto, Miguel Frasquiho garante que, assim que houver condições, esses serão os primeiros trabalhadores a ser chamados, até porque a empresa já investiu na sua formação.

Vouchers com bonificação para tentar manter os clientes

Muitos milhares de passageiros que não puderam voar, estão a pedir o reembolso às companhias. No caso da TAP – como noutras – esse reembolso está a ser feito, preferencialmente, através de vouchers. E como o objetivo e fidelizar os clientes, Miguel Frasquilho disse que os vouchers serão válidos não apenas por um, mas dois anos e com uma majoração do valor do bilhete em 20%.

Na audição parlamentar o administrador da TAP pediu desculpa aos muitos milhares de clientes que “podem ter sido menos bem tratados” e garantiu que há dois que já foi retomado o atendimento praticamente normal.

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