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O “novo normal” tem que ser um normal melhor, defende diretor-geral da OIT

30 abr, 2020 - 00:51 • Ana Carrilho

A pandemia da Covid-19 continua a fazer “estragos” em diversas áreas além da saúde, mas sobretudo a nível económico e social. O confinamento obrigatório, total ou parcial, decretado em grande parte dos países, parou a economia e já destruiu milhões de postos de trabalho.

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O terceiro relatório de monitorização do impacto da Covid-19 no mercado de trabalho, apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), chama a atenção, sobretudo, para a economia informal, que absorve 60% da força de trabalho a nível mundial.

São dois mil milhões de pessoas e destas 1.600 milhões correm o risco de perder, desde já, os seus meios de subsistência.

Na conferência de imprensa para apresentação do relatório, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, sublinhou que esses trabalhadores que estão na informalidade, que têm empregos precários ou formas atípicas de emprego são os que se encontram em situação mais vulnerável.

No primeiro mês da crise, em média e a nível global, perderam 60% do seu rendimento, mas há regiões e setores em que a perda foi quase total.

Guy Ryder recordou as declarações do representante do Programa Alimentar das Nações Unidas na última reunião do Conselho de Segurança, segundo as quais, a “próxima pandemia será de fome, de grandes proporções e devastadora”. “Porque – explica o líder da OIT – as pessoas são confrontadas com a impossibilidade de não poderem sair para trabalhar e ganhar algum dinheiro. E se não trabalharem, no fim do dia, a família não terá que comer, é assim que funciona. E não há proteção social para eles”.

Por isso, Guy Ryder insiste numa mobilização urgente e em grande escala para a solidariedade a nível global. Por outro lado, encoraja os países em que a economia informal é dominante a “formalizar a informalidade”. “Não se trata de a promover, mas antes, de transformar a informalidade em formalidade, para ter proteção social e direitos, em que se inclui o direito à representação”.

Antigo sindicalista, Guy Ryder, não tem dúvidas de que, organizados e sindicalizados, os trabalhadores conseguem estar mais protegidos.

Há que garantir um “novo normal” melhor para o mercado de trabalho

E depois da pandemia, vamos ter um novo conceito de Trabalho? Foi uma das questões com que o diretor-geral da OIT foi confrontado na conferência de imprensa.

Guy Ryder assume que antes da pandemia, as preocupações da Organização Internacional do Trabalho se centravam nas consequências das alterações climáticas, da digitalização ou da demografia. A Covid-19 sobrepôs-se a todas e há cada vez mais gente, mesmo a nível político, a dizer nada será como antes e que haverá um “novo normal” pós-pandemia.

Para o diretor-geral da OIT é preciso pensar muito cuidadosamente sobre o que vai ser esse “novo normal”, para a sociedade e as formas de trabalho. “É um novo normal imposto pelas condições do mundo pós-pandemia ou é um novo normal em que podemos fazer escolhas e desenhar o trabalho de acordo com elas”, questiona Guy Ryder, que não tem dúvidas em escolher a segunda opção.

“O novo normal, francamente, tem que ser um normal melhor, sem voltar simplesmente ao que tínhamos ou aceitando viver num mundo de trabalho condicionado pela pandemia. Temos que garantir um mundo melhor, em que as pessoas podem ter um trabalho digno”, acrescenta.

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