06 mai, 2020 - 10:45 • Lusa com redação
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A Comissão Europeia prevê para Portugal, em 2020, uma recessão de 6,8% e que a taxa de desemprego suba para os 9,7% devido ao impacto da pandemia de covid-19.
Segundo a previsão, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá cair de 2,2% em 2019 para -6,8% este ano.
Estas previsões são mais otimistas do que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), que previu uma quebra económica de 8,0% e desemprego de 13,9% em 2020.
Para 2021, a Comissão Europeia estima uma recuperação da economia portuguesa de 5,8%, bem como uma diminuição da taxa de desemprego dos 9,7% para os 7,4%.
De acordo com a previsão, o setor do turismo terá uma recuperação mais lenta após a crise da pandemia da Covid-19.
“As exportações devem decrescer relativamente mais, à luz das receitas consideráveis que Portugal tipicamente ganha através dos turistas estrangeiros (cerca de 8,7% do PIB em 2019), e das medidas de distanciamento social a afetar os serviços na segunda metade de 2020”, pode ler-se no documento da Comissão Europeia.
O setor do turismo deverá afetar também os níveis de desemprego, apesar de “provavelmente muitos dos despedimentos serem temporários”, assinala a Comissão.
O executivo comunitário assinala ainda que tanto as exportações como as importações devem registar quebras de dois dígitos em 2020 (-14,1% e -10,3%, respetivamente), recuperando no ano seguinte (13,2% e 10,3%, respetivamente).
É também esperado por Bruxelas que a procura doméstica “contraia substancialmente em 2020”, com o consumo privado a decrescer “a um ritmo ligeiramente mais baixo do que o PIB [-5,8%]”, devido ao impacto das medidas governamentais nas famílias.
“O investimento em equipamentos deve ser o mais atingido devido à incerteza e às disrupções nas cadeias de oferta mundiais. Ao mesmo tempo, o investimento em construção deve ser mais resiliente, beneficiando do ciclo e da nova flexibilidade introduzida nos fundos da União Europeia”, assinala a Comissão Europeia.
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Já a balança comercial portuguesa, em termos nominais, “deve beneficiar da descida dos preços do petróleo, mantendo a conta corrente geral com um défice relativamente pequeno”, que Bruxelas prevê que seja de 0,6% em 2020 e 0,2% em 2021.
Quanto à inflação, deve permanecer baixa, devido à “contribuição negativa dos preços da energia” que deve ser “ainda mais pronunciada” em 2020 do que em 2019 (em que a inflação foi de 0,3%).
“Ao mesmo tempo, as medidas de contenção do Governo e os limites subsequentes para a oferta de capacidade de trabalho e produção pode gerar pressões inflacionárias em certos bens, como comida e produtos de saúde”, adverte a Comissão.
Ainda assim, “as pressões negativas devem prevalecer, e a inflação deve ser ligeiramente negativa em 2020 [-0,2%]”, recuperando em 2021 para 1,2%.
A Comissão Europeia também prevê que o défice das contas públicas em Portugal atinja os 6,5% do PIB em 2020, com a dívida pública a atingir os 131,6% do PIB.
Estas previsões são igualmente mais otimistas do que as do FMI, que em 15 de abril previu que em 2020 o défice das contas públicas portuguesas atingisse os 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB), e que a dívida chegasse aos 135% do PIB.
Para 2021, a Comissão Europeia prevê uma diminuição do défice orçamental nacional para os 1,8% do PIB, bem como uma descida da dívida pública para os 124,4% do PIB.
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A previsão para a zona euro é iugualmente negativa. A Comissão Europeia estima uma contração recorde de 7,7% do PIBG, recuperando apenas parcialmente em 2021, com um crescimento de 6,3%.
No anterior exercício de previsões macroeconómicas, em fevereiro passado – quando o novo coronavírus ainda parecia confinado à China -, Bruxelas antecipava que a zona euro crescesse 1,2% do PIB tanto no ano em curso como no próximo.
Três meses depois, a Comissão estima uma contração no espaço da moeda única que fica muito acima do daquela verificada no auge da anterior crise financeira – quando a zona euro contraiu 4,5% em 2009 -, e até da recente previsão do Fundo Monetário Internacional (7,5%), e alerta que “os riscos em torno desta previsão são também excecionalmente grandes e concentrados no lado negativo”.
Como consequência do confinamento provocado pela pandemia da covid-19, que levou à paralisação de boa parte da economia europeia, Bruxelas estima também que a taxa de desemprego suba este ano para os 9,6% (face aos 7,5% registados em 2019), e recue apenas parcialmente para os 8,6% em 2021.