07 mai, 2020 - 11:10
Mais de dois mil tipos de máscaras foram submetidos a avaliação pelo CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e Vestuário), desde que se verificou um aumento de utilização em Portugal, motivado pela pandemia Covid-19. A entidade, com sede em Vila Nova de Famalicão, tem sido consultada por empresas que nem imaginava existirem.
“Desde o início deste processo, o CITEVE já foi contactado por cerca de 400 empresas que não tinham por hábito pedir ensaios, desenvolvimento de produto ou, sequer, pedir assistência técnica”, diz à Renascença o diretor geral, Braz Costa.
Os números são reveladores da oportunidade de negócio captada por empresas de expressão muito reduzida “que trabalhavam a feitio, sob especificação de outras de maior dimensão, e que encontraram soluções para ver na produção de máscaras uma possibilidade de se manterem em atividade e evitar o 'lay-off'”, concretiza Braz Costa.
“O tipo de material ou de estrutura não é garante, à partida, de que a máscara funcione”. Por esse motivo, o CITEVE “não faz apenas a aprovação dos materiais, mas sim da própria máscara na sua versão final” para colocação no mercado, explica o diretor do CITEVE.
Certificar uma máscara comunitária, seja para uso profissional, seja para uso geral pelo comum dos cidadãos visa garantir que na sua versão acabada ela responde a todos os requisitos de segurança.
Braz Costa não exclui que haja outros laboratórios com capacidade para validar a qualidade e segurança de máscaras, mas considera que, em Portugal, nenhum outro está capacitado para o fazer como o CITEVE que, por trabalhar diretamente com o setor têxtil, dispõe de equipamento tecnológico de ponta.
O processo de certificação passa essencialmente por testes de natureza física, que visam validar a capacidade de filtração (retenção dos microrganismos que tentam atravessá-la) e de respirabilidade. Isto é, de circulação do ar entre a boca e o exterior, sem que este se perca pelos lados.
O CITEVE dá ainda especial atenção ao desempenho dos elásticos laterais, do clipe nasal (a estrutura metálica que permite ajustar ao nariz) e à configuração geral da máscara que deve garantir um adequado ajustamento ao rosto.
A última questão, não menos relevante, é a durabilidade; as máscaras “laváveis” que chegam ao centro tecnológico do têxtil são submetidas a cinco ciclos de lavagem à temperatura de 60 graus e só obtêm o selo de garantia se, ao fim desses cinco testes, continuarem em boas condições e aptas a ser utilizadas.
Na entrevista dada à Renascença, o diretor do CITEVE não esclarece qual o custo para as empresas de um processo de certificação de uma máscara comunitária, até porque, explica, “depende do número de ensaios realizados”.
Por exemplo, uma máscara que responda de forma deficiente aos testes de lavagem é devolvida ao fabricante e terá de voltar a ser testada.
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Jorge Braz sublinha, porém, que o centro tecnológico que dirige continua imbuído do “espírito voluntarista” que esteve na origem de todo este processo e que os preços praticados são “simbólicos”, se considerarmos que, neste momento, as empresas já não estão apenas a produzir máscaras para acudir à necessidade dos profissionais de saúde, mas sim para venda no mercado nacional e, nalguns casos, para exportação.
O CITEVE, confrontado ao início com “uma afluência completamente inesperada”, está, neste momento, a demorar entre sete a dez dias para concluir o processo de certificação de máscaras comunitárias.
No final, é atribuído um “selo” que “garante que a máscara foi testada e responde aos critérios de segurança exigíveis para o tipo de produto”, informa sobre a “vida útil da máscara, traduzida em número de lavagens possível” e, por último, “o tipo de utilização que se pode dar à máscara". Ou seja, se esta se destina a uso geral ou ao uso de profissionais com grande exposição ao público.