11 mai, 2020 - 12:08 • Luís Aresta
O presidente da associação nacional do ramo automóvel (ANECRA) classifica de “residuais” as vendas de viaturas concretizadas na primeira semana com os "stands" abertos, depois de terminado o estado de emergência.
“Nos que tinham oficinas e as mantiveram a funcionar, alguns clientes, por curiosidade, foram perguntando preços, mas as vendas são residuais”, diz Alexandre Ferreira, à Renascença.
O presidente da ANECRA esclarece ainda que “só reabriram entre 70 a 80’% dos 'stands', porque foi necessário criar condições e alguns não conseguiram, razão pela qual tanto concessionários como representantes multimarca não abriram na totalidade”.
“Objetivamente, a oferta existe, o que não há é procura, porque está subjacente a tudo isto uma questão de confiança por parte do consumidor final, que ainda não se reinstalou, o que, para nós, era previsível que viesse a acontecer”, sublinha.
Quem, na vida, não fechou um negócio à mesa de um restaurante? A pergunta tem tudo a ver com o deserto que continua a caraterizar as ruas de muitas cidades portuguesas e que, o primeiro-ministro pôde testemunhar na passada sexta-feira, quando percorreu o centro do Porto, entre a estação de metro da Trindade e a Rua de Santa Catarina.
O que António Costa viu – e o Secretário de Estado do Comércio João Torres, também – foi lojas abertas, mas sem clientes, porque não há gente nas ruas. O cenário, que não é exclusivo da cidade do Porto, pode mudar na segunda-feira, dia 18, com a reabertura dos restaurantes, espera o presidente da ANECRA.
Coronavírus
A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis(...)
“Quando se fala de venda de automóveis, os negócios também se fazem a partir da restauração e de outros locais onde é possível estabelecer uma relação mais próxima”, diz, fazendo notar um outro constrangimento provocado pelo facto de os restaurantes permanecerem fechados.
“Independentemente das condições que estão a ser criadas e dos equipamentos de proteção individual, não ter onde comer é um grande problema para as pessoas”. Por estes motivos, Alexandre Ferreira, olha para a reabertura dos restaurantes como um “catalisador da restante economia”, esperando que esse cenário de melhoria se concretize a partir da próxima semana.
A partir do momento em que foram criadas condições para a reabertura, “o processo de recuperação de uma dinâmica é muito lento, o que só virá a acontecer quando a confiança se reinstalar nas empresas e nos particulares”, considera, nesta entrevista à Renascença.
Alexandre Ferreira faz notar que “ou há consumidor e cliente final ou dificilmente conseguiremos ter o retorno que pretendemos”.
O presidente da ANECRA acredita que a retoma do sentimento de segurança terá uma “evolução paulatina, acompanhando, se Deus quiser, aquilo que vão sendo os resultados mais favoráveis da pandemia no nosso país. Psicologicamente, vamos ter que recuperar e adquirir a tal confiança que nos permita dinamizar a economia”, sublinha-
O dirigente da associação nacional do ramo automóvel conclui com uma mensagem que sintetiza a realidade atual do setor e, porventura, de muitos outros: “Há que ter alguma calma num processo que se antevia como difícil, depois de um estado pandémico que nos colocou numa situação perfeitamente anormal”.