14 mai, 2020 - 19:38 • Lusa
A Prisa anunciou esta quinta-feira que o empresário Mário Ferreira comprou 30,22% da Media Capital, através da Pluris Investments, numa operação realizada por meio da transferência em bloco das ações por 10,5 milhões de euros.
Em comunicado ao regulador espanhol CNMV, a Prisa refere que a Vertix SGPS, sua subsidiária, e a Pluris Investments, empresa de Mário Ferreira e Paula Ferreira, firmaram "a aquisição pela Pluris de ações representativas de 30,22% do capital social da subsidiária portuguesa da Prisa, grupo Media Capital SGPS".
"A operação foi realizada por meio de transferência em bloco das ações por um preço de 10.500.000 euros", adianta.
"A avaliação implícita da transação" é de um 'enterprise value' [valor da empresa] de "130 milhões de euros, tendo como base a posição financeira da Media Capital" no final do primeiro trimestre deste ano, refere a Prisa.
Esta avaliação, adianta o grupo espanhol está "acima das últimas estimativas do mercado feitas por analistas, as quais incluem considerações sobre o potencial impacto da covid-19 nos ativos de media".
Cofina/Media Capital
Oferta "ficou sem efeito" face à "deterioração das(...)
A transação resultará em perdas nas contas individuais e consolidadas da Prisa de aproximadamente 29 milhões de euros.
A Prisa "reitera que considera a Pluris um investidor adequado para a Media Capital, valorizando o seu compromisso de promover um projeto futuro que fortaleça a posição" da dona da TVI no mercado, "bem como a sua competitividade e eficiência, fornecendo apoio financeiro, se necessário, e apoio à equipa de gestão com a sua experiência".
Mário Ferreira diz que reforçar na Media Capital "não está pensado" para já
Mário Ferreira, que acaba de comprar 30,22% da Media Capital aos espanhóis da Prisa, diz estar “muito satisfeito” com esta participação na dona da TVI, não prevendo reforçar para já, e manterá os 2,5% no capital da Cofina.
Em entrevista à Lusa, Mário Ferreira refere que “neste momento [um reforço de posição] não está pensado” e que está “muito satisfeito com os 30%” que adquiriu, garantindo que os parceiros no negócio irão “trabalhar em conjunto e logo se verá o futuro”.
Quanto aos 2,5% que detém atualmente no capital da Cofina, Mário Ferreira disse que, de momento, irá ficar com a posição.
“Tenho que a manter porque estou a perder muito dinheiro, umas centenas de milhares de euros. No dia em que puder recuperar o dinheiro que lá tenho investido ‘ao par’ [equivalente], se isso for possível, já ficava satisfeito. Obviamente que não teria comprado se não tivesse sido desafiado para aquele negócio e pouco interesse tenho em mantê-la lá”, sublinhou.
O empresário, que já se tinha aliado à Cofina para comprar a Media Capital, acabou como acionista do grupo de Paulo Fernandes quando este fez um aumento de capital para esse negócio, só que entretanto a Cofina desistiu de comprar a dona da TVI.
Já sobre esta segunda operação que agora conseguiu concretizar, mas sozinho, e depois do Expresso ter noticiado que Paulo Fernandes tinha voltado a falar com a Prisa e que havia uma proposta de interesse de Marco Galinha, presidente do grupo Bel, Mário Ferreira disse ser “bom ver que poderiam existir potenciais interessados".
"Isso quer dizer que, afinal, o negócio não é assim tão mau”, reforçou.
Para o futuro, o empresário pretende que a Media Capital não fique “tão dependente da publicidade, porque o desenvolvimento da área dos conteúdos será um pilar que, neste momento, serve apenas para produzir para a TVI, mas que no futuro poderá servir também para produzir conteúdos ou para outras estações em Portugal ou no estrangeiro, mas essencialmente no estrangeiro”, salientou, referindo-se à produtora Plural.
Mário Ferreira recordou que a Media Capital contratou há muito pouco tempo a Boston Consulting Group “para apoiar a administração num plano estratégico, faseado e em que a primeira fase é bastante urgente”, passando “não só pela reestruturação financeira”.
Para o empresário é também importante perceber como é que se consegue “não só ter estabilidade financeira, ultrapassando este ano, que é um ano atípico”, mas também como “conseguir já recapitalizar o grupo para passar ao ataque e ter capacidade não só de ultrapassar o ano, mas de investir pensando no futuro”, salientou.