20 mai, 2020 - 07:00 • Cristina Branco
Depois de os empreendimentos turísticos do Algarve terem estado “totalmente parados” nos últimos meses, sem terem tido ordem para fechar, os operadores da região esperam com expectativa os primeiros clientes no início de junho e, sobretudo, a partir da segunda quinzena.
“Neste momento, muitos dos hotéis estão fechados porque não tiveram condições para se manter de portas abertas e, aqueles que estão em funcionamento, não têm clientes”, afirmou Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve AHETA, em entrevista à Renascença.
Elidérico Viegas, sublinha, no entanto, que “há uma intenção muito significativa de a maior parte dos hotéis abrir durante mês de junho, sobretudo na segunda quinzena e na primeira semana de julho”, embora admita que “alguns nem sequer reabrirão este ano”.
“Esperamos ter clientes, sobretudo do mercado interno, já a partir dessa data, em particular, nos meses de julho e agosto, que são os meses, por excelência, do turismo no Algarve e os portugueses são sempre os mais numerosos, quer em número de hóspedes, quer em número de dormidas”, adianta o responsável da AHETA.
Viegas está apreensivo em relação aos mercados externos, nomeadamente em relação ao transporte aéreo e das restrições nos países de origem, em concreto nos países mais importantes para a região: Reino Unido, Alemanha, Holanda, Irlanda.
“Sabemos que não vamos ter um ano como os anteriores, mas as nossas expectativas são que possamos esbater um pouco os efeitos negativos desta crise através de alguma ocupação”.
O Algarve está habituado a taxas de ocupação a rondar ou até mesmo de 100%, mas, questionado pela Renascença, Elidérico Viegas aponta uma expectativa de ocupação, este ano, de menos metade, à volta dos 40%.
Ainda assim, o responsável da AHETA, afirma que a forte quebra no turismo não será refletida nos preços, sublinhando que “não deverão baixar nem aumentar”, mas admitindo que “a ocupação terá de justificar a abertura de um hotel ou empreendimento”.
Douro em alternativa ao Algarve?
Os operadores turísticos da região do Douro estão igualmente “expectantes”, guardando algum “otimismo realista” sobre os próximos meses, refere o presidente da Associação das Empresas Turísticas do Douro e Trás-os-Montes (AETUR).
“Temos a expectativa de que as viagens mais curtas, como os fins de semana e escapadinhas, comecem a conseguir alguma capacidade de venda”, afirma Luís Marques, em declarações à Renascença.
“Na segunda quinzena de março, em abril e em maio, as reservas foram canceladas a 100%. A partir de junho, já recuperamos alguma atividade, sobretudo no fim de semana do 10 de junho, mas muito longe do ano passado. Estamos com uma quebra muito significativa em relação ao ano passado”.
Luís Marques lembra que a notícia do encerramento das fronteiras em Espanha “foi mais um duro golpe e uma incerteza” para a região do Douro e Trás-os-Montes, “muito dependente do mercado espanhol” devido à proximidade da fronteira nalgumas zonas. “Há clientes espanhóis que cancelaram as reservas porque, pura e simplesmente, cancelaram as férias. O fator medo é uma incógnita”, refere.
A AETUR tem, no entanto, a “esperança”, de que o turismo rural e de habitação, possa, este ano, ser uma alternativa ao “turismo de massas que procura a praia nos meses de verão”.
Luís Marques “espera que muitas pessoas optem por férias mais curtas e aproveitem para conhecer a região do Douro e Trás-os-Montes, um turismo mais livre, de natureza, de menor massificação e com muitas atividades culturais”.
“Temos excelentes trilhos, para fazer a pé ou de bicicleta, temos turismo de montanha, o BTT, há muitas opções para decobrir. Temos esperança que isso possa ser fator de confiança para as pessoas nos procurarem”.
O presidente da AETUR diz acreditar que, apesar dos grandes prejuízos, os preços irão manter-se para que se consiga captar os turistas e afasta a possibilidade de uma eventual descida, uma vez que “os empresários não conseguiriam fazer face às grandes perdas que já enfrentam”.