19 mai, 2020 - 19:55 • André Rodrigues
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O economista João Cerejeira admite que o Governo poderá estar a usar o cenário de insolvência na TAP para obrigar os privados a aceitar as exigências do Estado, para avançar com uma injeção de dinheiro público na companhia aérea. O especialista também admite que, com uma dívida total de 3,3 mil milhões de euros, a TAP pode tornar-se, quase, "noutro Novo Banco no pós-pandemia".
Comentando na Renascença as declarações do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, esta terça-feira, no Parlamento, o professor de economia da Universidade do Minho considera que, "neste caso, a dissolução da empresa não passará de um mero trunfo que o Governo quererá levar para a negociação com os privados".
João Cerejeira defende que o Estado não tem interesse na falência da transportadora aérea nacional.
"Parece mais uma medida de força que não deverá gerar qualquer consequência prática, ou seja, não será expectável que o Estado deixe falir a TAP", tal como acontece no resto da Europa.
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O Estado português vai partir para uma negociação (...)
A título de exemplo, este especialista refere que "é exatamente o que está a acontecer com a Lufthansa, com a Air France e com a Alitália. Não é de esperar que os governos dos outros países deixem cair as suas companhias na falência".
No entanto, João Cerejeira lembra que "a falência de uma companhia aérea não seria, propriamente, novidade. Foi o que aconteceu há uns anos na Suíça e na Bélgica".
No caso português, Cerejeira avisa que a situação da TAP é demasiado delicada, do ponto de vista financeiro, para o Estado português.
Com uma dívida total de 3,3 mil milhões de euros, "é quase como se a TAP fosse um outro Novo Banco no pós-pandemia, a sorver recursos públicos num prazo relativamente curto. E pode não haver margem orçamental para isso", sublinha o economista.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação disse esta terça-feira que o Estado vai partir para uma negociação com a TAP e que não se pode excluir qualquer cenário para a companhia aérea, inclusivamente a insolvência.
"O Estado não pode estar capturado, algemado numa negociação com privados”, defendeu Pedro Nuno Santos, na Comissão Parlamentar de Economia e Finanças.
De acordo com o ministro, a TAP tem uma “dívida brutal”, que ascende a 3,3 mil milhões de euros, juntando os contratos de ‘leasing’ de aviões.
[notícia corrigida - 3,3 e não 2,3 milhões de euros]