22 mai, 2020 - 19:28 • Lusa
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O primeiro-ministro defende que a retoma da atividade económica deve ser feita com “cautela”, para não se perder o conquistado, mas sublinhou que é preciso dar este passo para evitar uma “crise económica e social brutal”.
“Com a mesma determinação com que soubemos conter-nos em casa, temos de fazer o esforço de sustentar empresas, emprego e rendimento, porque sem empresas, emprego e rendimento a economia não cresce, não vive, e a sociedade definha. Se não foi a doença que deu cabo de nós, também não pode ser a cura que dá cabo de nós”, afirmou.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas após uma visita à Flex2000, em Ovar, no distrito de Aveiro, acompanhado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Apesar dos riscos, António Costa realçou que, nesta altura, é preciso lutar “pela economia, pelo emprego e pelo rendimento” para que o país não venha a enfrentar uma “crise económica e social brutal”.
“Sinto que muitas pessoas têm ainda receio de sair à rua, de se aproximar dos outros, de tocar em objetos onde outros podem ter tocado, e podem ser contaminados. Todos temos medo e eu não sou mais valente que ninguém. Agora, se não dermos esse passo em frente, vamos manter não só a pandemia, como depois a pandemia vai começando a contaminar tudo o resto”, disse António Costa.
Em declarações aos jornalistas durante uma visita (...)
O primeiro-ministro elogiou ainda o esforço “extraordinário” dos portugueses, durante o estado de emergência, afirmando que tiveram uma “disciplina e um sentido de responsabilidade cívica exemplar”.
Costa disse que essa postura dos portugueses foi “essencial” para conter a pandemia e permitiu que o país possa agora ir reabrindo as atividades que foram encerradas nos últimos meses, sublinhando, contudo, que isso deve ser feito com “um enorme cuidado”.
“Se no relançamento da economia deixarmos descontrolar a pandemia, vamos perder dois em um: perdemos o que já ganhámos no controlo da pandemia e não ganhámos nada no relançamento da economia”, alertou.
O primeiro-ministro aproveitou ainda a oportunidade para agradecer a compreensão da população de Ovar, pelo “enorme sacrifício” que lhes foi imposto, lembrando que este foi o primeiro concelho onde foi decretada a cerca sanitária.
Na mesma ocasião, Carlos Pereira, administrador da Flex2000, disse que as indústrias de Ovar foram “profundamente afetadas” com esta situação, reconhecendo, contudo, que se tratou de uma “medida dolorosa, difícil, mas muito importante para todos”.
O administrador disse ainda que a empresa está a sofrer “bastante” com a covid-19, tendo registado uma quebra nas vendas de 80% no mês de abril, face ao mesmo período do ano passado.
No plano político, o primeiro-ministro considera que há uma “perfeita harmonia” entre os principais atores políticos em Portugal durante a pandemia de Covid-19. António Costa só não elogia mais o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para não cair “o Carmo e a Trindade”, e também diz que não ser líder da oposição.