27 mai, 2020 - 19:15 • Redação, com Lusa
A TAP vai alterar plano de retoma de voos para os meses de junho e julho após onda de críticas, anunciou esta quarta-feira o conselho de administração.
A equipa responsável pela gestão da TAP vai "ajustar" o programa, garantindo que este ficará “subordinado aos constrangimentos legais” à mobilidade, por causa da pandemia de covid-19.
Em comunicado, a companhia aérea mostra-se disposta a colaborar com os agentes económicos para elaborar um plano mais consensual.
O conselho de administração, que integra o Estado, detentor de 50% do capital da companhia aérea, indica que “a companhia está empenhada e vai de imediato colaborar com todos os agentes económicos, nomeadamente associações empresariais e entidades regionais de turismo”.
A TAP pretende assim “viabilizar o maior número de oportunidades, adicionar e ajustar os planos de rota anunciados para este momento de retoma por forma a procurar ter um serviço ainda melhor e mais próximo a partir de todos os aeroportos nacionais onde a TAP opera”.
A companhia aérea tinha publicado, na segunda-feira, o seu plano de voos para os próximos dois meses, que prevê 27 ligações semanais em junho e 247 em julho, sendo a maioria de Lisboa.
As intenções da empresa foram criticadas pelo primeiro-ministro, António Costa, que fala num plano "sem credibilidade"; e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que acompanhava a polémica com "preocupação".
O programa de retoma da TAP plano foi arrasado pelo líder do PSD. A companhia aérea transformou-se numa “empresa regional” e “não pode ter os apoios de uma empresa que é estrategicamente importante para o país”, defendeu Rui Rio.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e autarcas de municípios como Gondomar, Valongo e Vila Real, e dirigentes do PS, do PCP e do BE, entre outros, também mostraram "cartão encarnado" aos planos da companhia aérea.
Em conferência de imprensa na terça-feira, Rui Moreira acusou esta terça-feira a TAP de "impor um confinamento ao Porto e Norte", acrescentando que com este plano de rotas a companhia aérea "abandona o país, porque estar só em Lisboa representa abandonar o país".
O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, desafiou a TAP a corrigir o plano de rotas aéreas tornado público, considerando que a decisão da comissão executiva da transportadora aérea de reduzir voos e destinos "lesa o interesse nacional".
A TAP tem a sua operação praticamente parada desde o início da pandemia, à imagem do que aconteceu com as restantes companhias aéreas, prejudicadas pelo confinamento e pelo encerramento de fronteiras apara conter a covid-19.
O plano de retoma das operações é conhecido numa altura em que o Estado português e a administração da TAP vão iniciar negociações com vista a um eventual apoio para fazer face à crise provocada pela pandemia de Covid-19.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, diz que não se pode excluir qualquer cenário para a companhia aérea, inclusivamente a insolvência. O governante diz que a empresa tem uma “dívida brutal”, que ascende a 3,3 mil milhões de euros.
Dias antes, o primeiro-ministro, António Costa, tinha dito no Parlamento que só haverá apoio à TAP com "mais controlo e uma relação de poderes adequada", mas assegurou que a transportadora aérea continuará a "voar com as cores de Portugal".
Na semana passada, a TAP decidiu voltar a prolongar o período de "lay-off" dos trabalhadores até final de junho, justificando com as restrições à mobilidade e a operação reduzida prevista para aquele mês.
O setor da aviação é um dos mais afetados pela pandemia. O Governo alemão e a administração da Lufthansa chegaram esta segunda-feira a acordonsa chegaram esta segunda-feira a acordo relativamente à ajuda de Estado que a companhia aérea alemã vai receber para fazer face às perdas registadas com os efeitos da pandemia da covid-19. Sao 9 mil milhões de euros.