13 mai, 2020 - 07:30 • Fátima Casanova
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Em apenas seis semanas, a Associação de Defesa do Consumidor recebeu 3.600 pedidos de ajuda por parte de famílias em dificuldades financeiras devido à redução de rendimentos causada por situações de desemprego, lay-off ou não pagamento de salários.
Sem dinheiro muitas famílias deixaram de ter condições para pagar despesas básica. Uma situação que está a penalizar mais os trabalhadores do sector privado, que durante o estado de emergência tiveram uma forte quebra de rendimentos, como disse à Renascença a coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco.
“São famílias que viram de um momento para o outro, uma alteração significativa dos seus rendimentos”, justificou Natália Nunes.
No topo das preocupações destas famílias não está a prestação do crédito da casa, mas a falta de dinheiro para comprar “coisas básicas”, como alimentação ou as contas da luz, água e gás, sublinha.
Na sequência dos pedidos de ajuda, a Associação para a Defesa do Consumidor abriu 234 processos de famílias, que têm rendimentos mensais, em média, de 1.050 euros e encargos financeiros de 710 euros por mês.
Com o início do estado de emergência, milhares de famílias sofreram uma quebra significativa de rendimentos “seja porque perderam rendimentos informais, seja porque ficaram no desemprego ou foram para layoff”, revela disse Natália Nunes. Tudo somado, estas causas representam quase 70% dos pedidos de ajuda que chegaram à Deco.
A mesma responsável salienta que as pessoas que pediram apoio “estão muito desesperadas”, porque estão “sem rendimentos e são famílias que não têm poupanças”.
As famílias com emprego no setor privado foram as mais penalizadas - correspondiam a 41% dos pedidos de ajuda - mas olhando ainda para a situação profissional de quem pediu ajuda, 17% estavam desempregadas, 15,5% por se terem visto numa situação precária e 2,6% devido a negócio mal sucedido.
O relatório do terceiro período do estado de emergência, divulgado esta quarta-feira, destaca a "crise social" em que o país vive devido à atual pandemia de Covid-19, tendo sido "inevitáveis" o decréscimo do emprego e a retração da atividade económica.
Houve ainda 1,2% que pediram aconselhamento sobre a forma de aceder aos apoios sociais existentes.
Portugal esteve 45 dias em estado de emergência, entre 19 de março e 2 de maio, para fazer face à Covid-19, estando desde 3 de maio em situação de calamidade.
Em Portugal, morreram 1.163 pessoas das 27.913 confirmadas como infetadas, e há 3.013 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 289 mil mortos e infetou mais de 4,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios.