22 jun, 2020 - 18:30 • Henrique Cunha
A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) manifesta-secontra a possibilidade de o Estado injetar 1,2 mil milhões de euros na TAP e, assim, subscreve a providência cautelar da Associação Comercial do Porto.
O presidente da AHETA, Elidérico Viegas, diz à Renascença que vai subscrever a iniciativa da Associação Comercial do Porto porque a TAP “sempre teve uma posição muito residual na região e nunca esteve vocacionada para o turismo da região”.
O que leva a AHETA a apoiar esta inciativa da Associação Comercial do Porto?
A nossa associação subscreve a posição da Associação Comercial do Porto porque a TAP, no que ao Algarve diz respeito, teve sempre uma posição muito residual. O tráfego aéreo proporcionado pela TAP não vai além dos três por cento ano, desde sempre e, portanto, a TAP nunca esteve vocacionada para o turismo da Região.
Em segundo lugar, o que faz sentido é apoiar as companhias aéreas que operam para os diferentes aeroportos e, no caso do Algarve, para o aeroporto de Faro. E eu lembrava que há oito companhias aéreas de bandeira que operam diretamente de ponto a ponto para Faro e com bastante sucesso. E entendo que não se deve estar a financiar a TAP, que faz da estratégia de Lisboa a sua única estratégia. Numa perspetiva de âmbito nacional, isso não faz qualquer sentido.
Na vossa perspetiva, a TAP não é uma transportadora aérea nacional?
A TAP, nesta perspetiva, é apenas uma transportadora aérea que concentra toda a sua operação em Lisboa e que não opera diretamente, sobretudo a nível do tráfego europeu, para os diferentes aeroportos nacionais, exceto o aeroporto de Lisboa.
Mas a TAP não precisa de ser preservada, não precisa de ser salva?
Eu não sei se a TAP precisa de ser salva ou não, mas o facto é que os elevados prejuízos que a TAP sempre registou ao longo do seu percurso não podem ser alocados às regiões como o Algarve. Embora nós sejamos chamados a pagar os prejuízos da TAP. De facto, se a TAP não pensa alterar a sua estratégia comercial, esquecendo a atividade turística que é a maior atividade exportadora nacional, e o Algarve, que é a maior e mais importante região turística portuguesa, faz sentido continua a apoiar a transportadora?
Na sua perspetiva, caberá a Lisboa pagar a salvação da TAP?
Não estou a dizer que Lisboa pague ou deixe de pagar. Estou a dizer que o que faz sentido e tem lógica é que o Estado dote as diferentes regiões e diferentes aeroportos nacionais com verbas, tal como disponibiliza para a TAP, para que possamos apoiar as companhias aéreas que de facto trazem os turistas para o nosso país.
Não receia que possa vir a ser acusado de estar a promover a divisões no pai e a não promover a coesão nacional?
Não estou a dividir país nenhum. Estou a constatar um facto. O que se passa relativamente à TAP é a constatação de factos. A TAP nunca fez do Algarve nem do turismo do Algarve uma questão prioritária. Portanto, eu questiono legitimamente se a estratégia que a TAP tem seguido é a mais correta e a mais adequada.