22 jul, 2020 - 16:59 • Pedro Mesquita , com redação
António Costa Silva, autor do Plano de Recuperação Económica e Social encomendado pelo Governo, consultou especialistas e mudou de posição sobre a necessidade de Portugal mudar o transporte ferroviário de bitola ibérica para europeia.
Em declarações à Renascença, Costa Silva explica que a questão da bitola não será, afinal, grande obstáculo, uma vez que a questão pode ser contornada com a tecnologia.
“Da investigação que fiz e da discussão com especialistas que acompanham o desenvolvimento deste setor, o que me foi transmitido é que existem soluções tecnológicas para lidar com esse problema, avançou-se muito a esse nível e, portanto, não é um grande obstáculo em termos de futuro”, sublinha o gestor.
Questionado sobre a manutenção da atual bitola ibérica, Costa Silva responde que não faz previsões, apenas recomendo “que se faça uma rede ferroviária elétrica moderna, depois os detalhes…”.
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Da indústria ao digital, da ferrovia à aviação pas(...)
“A tecnologia evoluiu muito, há respostas a isso e não é um obstáculo. Depois, no desenho, os detalhes têm de ser determinados, mas não sou eu que vou recomendar detalhes, porque não sou especialista nesta área”, sublinha.
Do plano de reflexão estratégica desenhado a convite do Governo não consta a expressão "bitola", muito menos "bitola europeia", o que tem merecido críticas de alguns economistas a sugerir que Portugal se poderá transformar numa espécie de ilha ferroviária e alertarem para uma alegada falta de competitividade do sistema atual.
A questão é desvalorizada António Costa Silva e pelo antigo presidente da CP e da REFER Francisco Reis.
Ouvido pela Renascença, o atual presidente da Região Europa de Caminhos de Ferro diz que António Costa Silva tem razão: a questão da bitola é “indiferente”.
“Para passageiros não há a mínima limitação, a não ser a utilização de comboios que permitem andar nas duas bitolas. Para mercadorias, há sistemas em estudo que eu penso que, em breve, serão uma solução consolidada. Hoje em dia, é uma questão de, nas fronteiras, através de um processo físico de alteração da bitola, que demora três horas, fazer a adaptação. Não há qualquer problema de incompatibilidade. Nunca existiu a ilha ferroviária por causa da bitola”, sublinha Francisco Reis.
António Costa Silva apresentou, na terça-feira, a “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, onde defende a aposta na alta velocidade, a construção de um grande aeroporto em Lisboa e acredita no “equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados”. “Chamam-me sempre ambicioso e vou sê-lo uma vez mais”, sublinhou.