14 ago, 2020 - 16:52 • Pedro Mesquita
A bastonária da Ordem dos Contabilistas, Paula Franco, disse esta sexta-feira à Renascença que, até ao final do mês de agosto, estarão reunidas todas as provas e documentação necessária para apresentar uma queixa no Ministério Público por alegadas pressões dos bancos sobre contabilistas para garantirem acesso a apoios do Estado.
"Ainda não foram enviadas para o Ministério Público, estamos a reunir toda a documentação para ir em conjunto, inclusivamente hoje já chegaram mais provas", diz Paula Franco. "Até ao final deste mês seguramente serão enviadas", e também para o conselho jurisdicional da Ordem dos Contabilistas, adianta a bastonária.
Sobre os nomes dos bancos envolvidas nestas denúncias, Paula Franco invoca o sigilo profissional, mas questionada sobre se envolve os maiores bancos portugueses, responde afirmativamente.
"Sim, são aqueles que usam mais as linhas de financiamento e são várias as delegações. Não estou a dizer que são todos, mas é um bocadinho generalizado."
Em causa, a linha de crédito para as micro e peque(...)
Neste ponto, a bastonária faz a ressalva de que os casos envolvem gestores de contas em específico e não as instituições financeiras. "Isto tem a ver obviamente com gestores de conta, acredito que isto não venha, obviamente, de orientações da banca, aliás, tenho quase a certeza, pelo seu rigor também."
A situação envolve apoios do programa Adaptar, dirigido a pequenas e médias empresas, em que contabilistas dizem ter-se sentido pressionados por vários bancos a passar declarações falsas sobre a situação das empresas com contas nesses bancos.
"É uma situação inaceitável que está a levar muitos contabilistas a sentirem-se pressionados, inclusivamente com ameaças de clientes de mudarem de contabilistas se eles não passarem a declaração", denuncia a bastonária. "Ora, nós temos de ter consciência de que isto são falsas declarações."
Paula Franco também mantém a acusação que fez originalmente sobre o caso, dizendo que “há bancos que pedem aos contabilistas para darem um jeitinho mesmo quando as empresas apresentam uma quebra de faturação”.