07 set, 2020 - 16:00 • Lusa
O Sindicato Nacional dos Engenheiros, Engenheiros Técnicos e Arquitetos (SNEET) alertou, esta segunda-feira, para o impacto “extremamente negativo” que o corte “indiscriminado” de trabalhadores contratados a termo, particularmente engenheiros em funções essenciais, vai ter na TAP.
“A saída de engenheiros altamente qualificados e em funções essenciais nesta fase tem sido prejudicial para a TAP, este corte indiscriminado de trabalhadores contratados a termo terá um impacto extremamente negativo”, referiu o sindicato, em comunicado.
De acordo com o SNEET, esta foi uma das posições que transmitiu aos responsáveis da Boston Consulting Group (BCG), consultora escolhida para elaborar o plano de reestruturação da companhia aérea, com quem esteve recentemente reunido.
No âmbito desta reestruturação, a apresentar à Comissão Europeia até ao final do ano e cuja primeira versão do plano deverá estar concluída no final de outubro, o sindicato considerou também que, apesar de entender a necessidade de se cortar nos custos, essa redução deve ser feita com “critério e prova concreta para o benefício da companhia”, o que, entende o SNEET, não se tem verificado.
O sindicato diz ainda ter apresentado provas de que não há excesso de engenheiros na TAP, uma vez que o número destes profissionais não acompanhou o aumento da frota da TAP.
O SNEET manifestou total disponibilidade para continuar a dialogar com as partes envolvidas no processo de reestruturação da transportadora e deixou algumas sugestões para a área da Manutenção e Engenharia que, na sua ótica, pode contribuir para atrair clientes e investimento externo, numa altura de dificuldades.
“Acreditamos que as palavras reestruturação e sustentabilidade têm de estar lado a lado durante todo este processo, e que só com muito trabalho, eficiência, otimização de recursos e criação de negócio é que a TAP poderá superar os tempos conturbados que se avizinham”, defendeu.
No dia 11 de agosto, o presidente do Conselho de Administração do grupo TAP, Miguel Frasquilho, anunciou, numa mensagem aos colaboradores a que a Lusa teve acesso, a escolha da BCG para a elaboração do plano de reestruturação da TAP.
No seguimento da aprovação pela Comissão Europeia de um auxílio estatal à TAP, o grupo aéreo procedeu a uma consulta no mercado para selecionar uma entidade que preste serviços de consultoria, no sentido de auxiliar na elaboração de um plano de reestruturação, a apresentar à Comissão Europeia.
O Conselho de Ministros aprovou em 17 de julho a concessão de um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia.
Além do empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP de 946 milhões, ao qual poderão acrescer 254 milhões, sem que, contudo, o Estado se encontre vinculado à sua disponibilização, as negociações tinham em vista a aquisição, por parte do Estado português, de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da atual acionista da TAP SGPS, Atlantic Gateway, SGPS, Lda.
Desta forma, o Estado português passa a deter uma participação social total de 72,5% e os correspondentes direitos económicos na TAP SGPS, pelo montante de 55 milhões de euros.