23 set, 2020 - 13:10 • Ana Carrilho
O último relatório da OIT sobre “Covid-19 e o Mundo do Trabalho”, divulgado nesta quarta-feira, frisa que as “perdas devastadoras” de horas de trabalho causadas pela pandemia trouxeram uma queda massiva dos rendimentos dos trabalhadores em todo o mundo.
As estimativas apontam para uma queda de 10,7% no rendimento, a que correspondem menos 3,5 triliões de dólares, o equivalente a três triliões de euros, nos primeiros nove meses deste ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado.
O documento admite que as perdas globais de horas de trabalho foram “consideravelmente maiores” do que as estimadas no relatório de 30 de junho.
E refere alguns exemplos: a estimativa revista do tempo global de trabalho perdido no 2.º trimestre, comparado com os últimos três meses de 2019 é de 17,3%, mas em junho, a estimativa apontava para 14%. O que significa uma perda de horas de trabalho equivalente a 495 milhões de empregos em vez de 400 milhões.
Para o terceiro trimestre, as previsões apontam para perdas equivalentes a 345 milhões de empregos a tempo completo. E no quarto trimestre a situação deverá piorar.
A pandemia da Covid-19 continua a fazer “estragos”(...)
Para a Organização Internacional do Trabalho, uma das razões para o aumento estimado nas perdas de horas de trabalho prende-se com o facto de os trabalhadores das economias em desenvolvimento e emergentes, especialmente do emprego informal, serem mais afetados com esta crise pandémica do que noutras crises anteriores.
Segundo a OIT, a perda de horas deve-se mais à inatividade do que ao desemprego: 94% dos trabalhadores vivem em países com algum tipo de restrições no local de trabalho e 32% vivem em países em que todos os locais de trabalho permanecem encerrados, com exceção dos serviços essenciais.
Em países em que foram adotadas medidas de estímulo orçamental de apoio à atividade económica, as perdas de horas foram menos significativas, conclui a OIT, embora admitindo que esses apoios se concentraram, sobretudo em países com rendimento mais elevado. “As economias emergentes e em desenvolvimento têm uma capacidade limitada para financiar essas medidas”.
Para Guy Ryder, diretor geral da OIT, é claro que tal como é preciso redobrar os esforços para vencer o vírus, também é preciso “agir urgentemente e em escala para superar os impactos económicos, sociais e do emprego. O que inclui um apoio sustentável ao emprego, às empresas e aos rendimentos”.