12 out, 2020 - 22:47 • Sandra Afonso
Na proposta do Orçamento do Estado para 2021, e depois do primeiro excedente da história da democracia portuguesa, o Governo aponta que o défice deverá subir para 7,3% este ano, antecipando para o próximo ano uma descida para os 4,3%.
Na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, o executivo estima ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) português cresça 5,4% em 2021, ou seja, o gabinete de João Leão reviu em alta as previsões, face aos números apresentados em junho, no Orçamento Suplementar de 2020 (4,3%).
Em causa está uma forte recuperação, de uma “contração de 8,5% estimada para 2020" para 5,4% um ano depois. Um crescimento que, segundo o executivo, “está em linha com o crescimento esperado para a área do euro, que deverá situar-se em 5,1% (-7,9% em 2020) de acordo com as últimas previsões da OCDE (setembro último)".
Para este ano, o ministro das Finanças admite uma contração da economia de 8,5%, acima dos 6,9% do Orçamento Suplementar e acima da previsão avançada na última semana pelo Banco de Portugal.
Segundo o governador Mário Centeno, até há pouco tempo ministro das Finanças, a queda da economia deverá travar nos 8,1% este ano.
Segundo o Ministério das Finanças, a taxa de desemprego deverá atingir 8,7% em 2020 e 8,2% em 2021. É uma melhoria face aos 9,6% e 8,7% que tinham sido previstos, respetivamente.
O Orçamento do Estado assenta ainda no crescimento do emprego, em 1% no próximo ano, que contrasta com uma queda de 3,8% em 2020.
É esperada uma taxa de inflação (IHPC) negativa, de -0,1% em 2020, mas deverá recuperar em 2021 para 0,7%.
As vendas ao exterior vão cair 22% em 2020, face ao ano anterior, acima da queda de 17,9% esperada para as importações.
Já para 2021 as exportações deverão recuperar 10,9%, um número que continua aquém dos valores anteriores à pandemia de Covid-19.
Para estes resultados contribuem o “consumo privado, investimento e consumo público, e um crescimento das exportações mais intenso que o esperado para as importações”, nota o Governo.
O consumo público, o dinheiro gasto pelo governo em serviços à população, deverá crescer 2,4%, após uma queda de 0,3% em 2020.