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Dia Mundial da Alimentação

Supermercado online combate desperdício alimentar e promete até 70% de poupança

16 out, 2020 - 07:44 • João Carlos Malta

A GoodAfter cresceu 250% com a pandemia e tem já sete mil clientes. Uma das fundadoras diz que os clientes ganham duas vezes: os alimentos não são desperdiçados e as carteiras não ficam tão leves. Em quatro anos, esta iniciativa já salvou 225 toneladas de alimentos destinadas ao lixo.

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Um terço dos alimentos que produzimos no mundo a cada ano é perdido ou desperdiçado, custando à economia global quase 850 mil milhões de euros anualmente.

Foi para combater este flagelo em Portugal que nasceu a plataforma GoodAfter, o primeiro supermercado português de produtos que se encontram perto da data preferencial de consumo. O projeto já salvou dos caixotes de lixo mais de 225 toneladas de alimentos, o equivalente a mais de 200 mil unidades de 8 mil produtos diferentes nos quatro primeiros anos de atividade.

Em Portugal contabiliza já sete mil clientes, dos quais metade fica fidelizado e repete compras semanalmente ou de 15 em 15 dias.

A pandemia veio ajudar este tipo de negócio, e a empresa anuncia que registou um aumento de vendas de 250% desde março deste ano. Mas porquê?

Chantal Gispert, co-fundadora da GoodAfter, que além de Portugal também atua em Espanha, explica que as “pessoas não tiveram outra alternativa senão ficar em casa e fazer as suas compras online”, mas muitos dos supermercados “não conseguiram entregar a horas” e isso abriu a possibilidade de muitos descobrirem “as alternativas que existiam no mercado”.

“E quem não nos conhecia passou a conhecer-nos. Muitas pessoas ficaram fidelizadas e continuam a comprar a nós.

As duas grandes vantagens

Chantal avança que a GoodAfter vende tudo o que seja “linhas obsoletas e produtos descontinuados”; por outras palavras, “tudo aquilo que o fornecedor já não consegue colocar no ponto de venda habitual”.

A líder deste projeto acredita que a mais-valia para o consumidor se vê em duas dimensões. “Primeiro, saber que os alimentos já não vão ser destruídos e um impacto importante nos bolsos, um preço muito mais económico.”

Os descontos, afiança, chegam aos 70% quando o prazo atinge o limite.

Apesar de serem os produtos fora do prazo ou a chegar ao limite da data para consumir que enchem a maior parte da lista disponível na GoodAfter, há casos em que bens dentro do prazo, mas com embalagens amolgadas, são vendidas a um preço com um grande desconto.

Chantal esclarece que este supermercado online só vende produtos não perecíveis − aqueles que têm no rótulo a indicação “consumir de preferência antes de...”.

“Não está em causa a lei alimentar e é por isso que a lei permite que a venda e o consumo seja possível ultrapassada essa data”, esclarece.

A responsável acredita que esta é uma moda que veio para ficar. “Há quatro ou cinco anos não se falava tanto. Os números são alarmantes, não podemos manter estes números de desperdício e desaproveitamento”, alerta.

Os produtos comercializados no website da GoodAfter vão desde bens alimentares, como enlatados, conservas e outros, a produtos não alimentares como champôs, amaciadores, ou produtos de limpeza. A GoodAfter trabalha com marcas como a Renova, Jerónimo Martins, Reckitt, Henkel, Cerealis, Nicola, Condi e Nobre, entre muitas outras.

10,5 toneladas poupadas

No dia em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação, o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, diz que o setor tem procurado mitigar o desperdício alimentar.

Ainda assim, alerta que, em todo o ciclo de perda de alimentos, o retalho é apenas responsável por 5% do total. “Somos todos nós em casa que mais desperdiçamos, as famílias são responsáveis por 40% desse valor.”

O esforço das grandes cadeias de distribuição, segundo Lobo Xavier, traduz-se na criação de muitos espaços de venda de produtos, cujo prazo está perto do fim, a preços mais apetecíveis. Nas contas deste responsável, só no ano passado essas ações evitaram que 10,5 mil toneladas de alimentos fossem desperdiçadas.

O diretor-geral da APED reforça ainda que a ligação entre grandes superfícies e as IPSS é cada vez mais estreita. “Temos contactos com mil instituições de solidariedade social, que são quem no terreno está mais perto das pessoas que precisam e melhor consegue fazer escoar esses produtos”, remata.

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