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OE 2021. Catarina Martins rejeita posição inaceitável de Costa e país em duodécimos

20 out, 2020 - 13:07 • Lusa

"Cada vez que o PS não negoceia acha que a esquerda se junta à direita? O que é isto? Isto é inaceitável em democracia”, afirma, em entrevista ao jornal "Observador", Catarina Martins.

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A coordenadora do BE considera "inaceitável" que o primeiro-ministro acuse comunistas e bloquistas por se juntarem à direita se chumbarem o Orçamento do estado (OE), afirmando que é o PS que “não negoceia”, e rejeitou um país em duodécimos.

“O que eu acho inaceitável é o primeiro-ministro dizer uma coisa como: se PCP e Bloco se juntarem à direita. Mas agora cada vez que o PS não negoceia acha que a esquerda se junta à direita? O que é isto? Isto é inaceitável em democracia”, afirma, em entrevista ao jornal "Observador", Catarina Martins.

No sábado, num encontro digital promovido pelo PS, António Costa avisou que o próximo Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) “só chumba se BE e PCP somarem os seus votos à direita” e disse ter dificuldade em perceber como é que a esquerda não apoia este documento.

Questionada sobre a possibilidade de o país ter de ser governado em duodécimos num cenário de chumbo do OE2021, a líder bloquista começou por sublinhar que o primeiro-ministro já referiu “que o país em duodécimos não seria uma crise política”.

Catarina Martins afirmou em seguida esperar que António Costa “não queira duodécimos porque aquilo que o país precisa é de um Orçamento do Estado que responda à crise” e que é sobre isso que o “BE está muito concentrado”.

“Se não existir um orçamento o Governo pode apresentar outro”, defendeu, considerando ser uma “irresponsabilidade deitar a toalha ao chão”.

Na perspetiva de Catarina Martins, “há uma forma terrível de fazer política nos momentos difíceis” que é todos começarem “a arranjar desculpas para falhar”.

“O Bloco de Esquerda não arranjará desculpas para falhar. Espero que não seja isso [que o PM quer]. Espero que queira mesmo um Orçamento do Estado. É o que o BE quer”, respondeu.

A líder do BE foi perentória ao afirmar que “se não houver um orçamento que garanta o acesso à saúde da população portuguesa e que não garanta a proteção social de quem perdeu tudo com a crise não serve ao país, mas o que é preciso fazer é outro”.

Interrogada sobre qual a relação entre socialistas e bloquistas nesta fase, Catarina Martins assumiu que “as tensões existiram sempre”.

“O Bloco de Esquerda nunca mudou um sentido de voto depois de ter feito um acordo com o Governo sobre uma matéria tão fundamental como a matéria orçamental”, assegurou, quando confrontada com o facto de António Costa sempre ter dito que “com o PCP bastava um aperto de mão”.

A coordenadora do BE explicou que o partido nunca foi para uma especialidade orçamental sem ter “um acordo suficiente com o Governo em matérias essenciais da especialidade” com objetivo de garantir “que não havia surpresas entre um momento e outro”.

Reiterando a ideia de que a proposta orçamental do Governo, “tal como está é uma má proposta” e não se trata de “uma questão de insuficiência”, para Catarina Martins a solução para este problema é seriedade e trabalho para se obter um OE2021 “que responda ao país”, sendo essa “a única escolha responsável numa democracia”.

O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se hoje, em São Bento, com o BE, PCP e PAN para procurar um acordo para a viabilização da proposta do Governo de OE2021, tendo na quarta-feira um encontro com o PEV, outro dos parceiros parlamentares do PS desde novembro de 2015.

A Assembleia da República começa em 27 de outubro a debater a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021, estando a votação na generalidade marcada para o dia seguinte, 28.

Até agora, o executivo de António Costa ainda não dispõe de quaisquer garantias políticas dos parceiros parlamentares dos socialistas para a viabilização do Orçamento e considera-se que esta semana será "decisiva" em relação aos resultados das negociações.

Na segunda-feira, à noite, em entrevista à TVI, interrogado se tenciona demitir-se caso seja forçado a governar por duodécimos, o primeiro-ministro respondeu: "Se há coisa que eu não contribuirei nunca é para haver crise política no contexto desta crise pandémica, desta crise económica e desta crise social".


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