27 out, 2020 - 11:43 • Manuela Pires
O governador do Banco de Portugal avisa que há sérios riscos se forem retiradas antecipadamente os apoios à economia que foram adotados por causa da pandemia. “Com a incerteza elevada e a recuperação ainda fraca, os riscos de uma retirada precoce dos apoios parecem sérios, exigindo avaliações cautelosas", afirmou Mário Centeno na conferência “Banca do Futuro”, organizada pelo "Jornal de Negócios".
O antigo ministro das Finanças admite, por outro lado, que o prolongamento destas medidas de apoio vai ter consequências para a economia a longo prazo. Mário Centeno deu alguns exemplos, as moratórias do crédito, que colocam em risco a carteira da banca, ou as linhas de crédito, que poderão aumentar em demasia o endividamento das empresas.
Diz que não se deve avançar para um novo confinamento total e defendeu que a atividade económica pode ser mantida a funcionar sem colocar em risco a segurança das populações e recordou que, “na segunda fase da crise, o levantamento gradual das restrições levou a uma recuperação imediata e mais rápida do que o previsto”.
Apesar da incerteza desta crise, o governador do Banco de Portugal tem a certeza que “os bancos enfrentam a crise pandémica com posições de capital e liquidez mais sólidas do que em 2008, nomeadamente por causa das reformas regulatórias que se seguiram”.
Esta transformação, diz, "permite que os bancos façam parte da solução, ao contrário de 2008, quando foram parte do problema".
O ex-ministro das Finanças e ex-presidente do Eurogrupo considera que nesta crise pandémica “os governos e as instituições europeias estiveram mais coordenadas do que nunca, tendo a resposta das políticas públicas sido eficaz.
“Os governos actuaram no mercado de trabalho e garantiram liquidez com as moratórias. As famílias aumentaram a sua poupança” referiu Mário Centeno que interveio neste encontro através de videoconferência.