17 nov, 2020 - 10:32 • Marta Grosso , Miguel Coelho (entrevista)
Ser desconfiado e investigar os sites em que se pretende efetuar uma compra são regras fundamentais para evitar burlas online.
“É muito importante que as pessoas tenham por base a desconfiança. É fundamental que tenham muita desconfiança e não acreditem em todas as ofertas que lhe vão chegar via redes sociais ou telefone ou internet, porque existem muitos sites que não são fidedignos”, afirma à Renascença o CEO do Portal da Queixa, salientando que “a maior dificuldade enquanto consumidores talvez seja tentarmos distinguirmos um site fidedigno de um falso”.
“Para isso, é preciso ter experiência, é preciso pesquisarmos muito. A pesquisa é das maiores armas que temos ao nosso alcance, para ver a experiência de outros consumidores”, refere, acrescentando que um dos locais de pesquisa pode ser o Portal da Queixa.
Lançado em 2009, este site onde qualquer pessoa pode fazer uma reclamação de modo gratuito tem vindo a crescer e a resolver vários litígios.
“Funciona”, garante Pedro Lourenço, entrevistado no programa As Três da Manhã. “Estamos a crescer mais de 100% ao ano – no ano passado, crescemos 120% – e temos mais de 70% de taxa de resposta”, avança.
“Além disso, a grande maioria das marcas, das marcas de grande dimensão, utilizam a nossa plataforma para se manterem próximas dos consumidores e mostrarem essa preocupação. Por essa razão, tem um impacto muito favorável na resolução das reclamações”, acrescenta o responsável pelo portal.
Numa altura em que o Natal de aproxima e a “Black Friday” se estendeu por várias semanas, mas em que a pandemia de Covid-19 impede corridas em massa às lojas, Pedro Lourenço chama a atenção para os principais esquemas fraudulentos.
“Estão associados a burlas, em que qualquer um de nós, enquanto consumidor inexperiente, pode cair porque as próprias plataformas e a tecnologia vão mudando muito rapidamente com aquilo que tem sido um crescimento também desta nova oferta”, refere.
“Isso potencia que sejamos um alvo mais apetecível para estes esquemas de burla, que normalmente estão associados a ofertas que não existem, sites que na realidade apenas pretendem que as pessoas façam as compras mas nunca vão entregar o produto; também existem muitas circunstâncias de falsas ofertas, em que as pessoas compram pela metade do dobro – acham que estão a fazer uma grande compra, mas não pesquisaram, não compararam os preços e o que estão a comprar muitas vezes até é um produto com um preço mais caro do que o normal”, exemplifica.
A campanha é lançada no Facebook, em parceria com (...)
O CEO do Portal da Queixa chama ainda a atenção para o facto de, “quando estamos em casa, baixarmos um pouco a guarda”.
“Porque estamos no nosso espaço, confortáveis e achamos que temos mais tempo e que vamos estar mais protegidos”. Mas é falso.
Para sensibilizar população para os perigos das compras online, o Portal da Queixa lançou uma iniciativa, com uma “vertente mais lúdica e descontraída”, tendo sido criada “uma hashtag #naosejaspato, para que as pessoas não caiam como um patinho em todos estes esquemas”.
O aumento de burlas na internet está relacionado com o facto de ser um setor com cada vez mais pessoas. Os “setores de atividade que, por norma, têm maiores problemas são os com maior número de clientes”, afirma Pedro Lourenço.
“Estamos a falar de telecomunicações e, cada vez mais, as entregas – tudo o que tem a ver com logística, porque mais uma vez o comércio eletrónico está a crescer e a impor uma pressão maior neste setor de atividade”, resume.
O Portal da Queixa é visitado por milhões de portugueses todos os meses, refere a plataforma, segundo a qual os visitantes tentam comunicar diretamente com outros consumidores, marcas e entidades públicas, bem como comparar o ranking das marcas.