18 nov, 2020 - 08:16 • Marta Grosso , João Cunha (entrevista)
Os donos dos ginásios estão preocupados e dizem-se prejudicados com as medidas impostas pelo Governo nesta pandemia, nomeadamente na limitação dos espaços de treino.
Numa carta aberta enviada nesta quarta-feira ao primeiro-ministro, a Associação de Clubes de Fitness e Saúde de Portugal começa por citar palavras de António Costa para logo depois o contradizer. No anúncio do estado de emergência, o chefe do executivo disse que "os ataques cardíacos não podiam ser evitados".
“O que nós queremos dizer com esta carta aberta é isso mesmo: é que os ataques cardíacos podem ser evitados. Podem ser evitados, se tratarmos do assunto a montante, portanto, se investirmos na prevenção”, sublinha José Carlos Reis, presidente daquela associação.
Em declarações à Renascença, o responsável lembra que os ginásios são locais de baixo risco de transmissão da Covid-19 e sublinha que a pandemia veio agravar os fracos hábitos de atividade física dos portugueses, o que só aumenta a probabilidade de problemas de coração.
“Eles não podem ser evitados no momento em que a pessoa está a ter o ataque cardíaco, mas não há qualquer dúvida científica nem médica nem outra qualquer de que, nas pessoas que praticam atividade física, a possibilidade de terem um ataque cardíaco é diminuta quando comparado com as pessoas que não praticam atividade física”, destaca.
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Na opinião deste responsável, o investimento na saúde deve incluir a prevenção.
“As apostas ao nível da saúde são sempre no Sistema Nacional de Saúde, quando eu penso que o mais importante é o investimento ser feito a montante, na prevenção. E a prevenção das doenças é feita, principalmente, pela prática de exercício físico”, defende.
O presidente da Associação de Clubes de Fitness e Saúde de Portugal diz ainda que, com tantas restrições, vai ser impossível que Portugal cumpra até 2030 a meta de ser um dos 15 países com mais atividade física na União Europeia.
José Carlos Reis acusa o Governo de não ter apresentado qualquer medida que possa ajudar o setor dos ginásios, pelo que a Associação de Clubes de Fitness e Saúde de Portugal pede, na carta aberta enviada ao primeiro-ministro, que sejam inseridas medidas no próximo Orçamento do Estado.
Entre elas, duas que consideram urgentes: a redução da taxa de IVA e benefícios fiscais em sede de IRS.
“Se as pessoas tiverem a possibilidade, no final do ano, quando estão a fazer a entrega do seu IRS, colocar um benefício fiscal – que é uma parte do que pagam nos ginásios, nos clubes – para prática de exercício físico, para a prática de desporto, isso é uma mudança completa de paradigma no nosso país, porque era a assunção, por parte do Governo que, na realidade, a atividade física, é promotora de saúde e isso fazia uma modificação comportamental de todos os portugueses enorme”, aponta.
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Já a medida de redução de 15% do IVA nas faturas dos ginásios e centros de fitness, o presidente da Associação de Clubes de Fitness e Saúde de Portugal diz que não chega.
“Não tem qualquer impacto ao nível do aumento da prática do exercício físico, porque há um teto máximo para o agregado familiar, de 150 euros/ano e, no fundo, 15% do IVA que as pessoas pagam, ao fim do ano representa uma poupança de quatro ou cinco ou seis euros, portanto, não tem qualquer significado”, explica.
“Ninguém vai fazer exercício físico porque agora paga menos 40 ou 60 cêntimos por mês”, reforça.
À Renascença, José Carlos Reis diz ter esperança de que as medidas propostas venham a ser acolhidas pelo Governo, até porque a aposta na saúde deve passar também na prevenção, e aí os ginásios têm um papel fundamental.