25 nov, 2020 - 10:28 • Rosário Silva
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O restaurante de David Ramos, que é também cafetaria e padaria, fica situado numa das ruas que dá acesso à Praça do Giraldo, no coração da cidade de Évora.
Desde a sua abertura, há cerca de cinco anos, o “The Bakery Lounge” foi sempre muito procurado pela diversidade de experiências que proporciona, mas também não escapou às consequências da pandemia.
“Não tem sido fácil, os turistas desapareceram e representavam uma fatia importante do nosso negócio”, refere à Renascença o empresário, confirmando quebras “na ordem dos 80,90%”.
Nesta cidade Património Mundial, em que o turismo é um dos principais impulsionadores da atividade económica, o impacto neste negócio familiar não se fez esperar.
“Tivemos que prescindir da maioria dos nossos empregados, reduzir os custos ao máximo e, mesmo assim, estamos a fazer um grande esforço para nos mantermos abertos”, confessa.
Ao virar da esquina, uns metros mais abaixo, no restaurante “A Muralha”, da família Mendes, o discurso de Rui Almeida, o responsável, não difere muito.
“Temos tido muitas dificuldades, pois não há praticamente turismo nenhum e as pessoas aqui da zona, uns estão em teletrabalho e outros estão com medo de vir aos estabelecimentos”, conta-nos o empresário que admite uma quebra de receitas na “ordem dos 80%”.
Para fazer face a estas significativas perdas, por causa da dureza das medidas de luta contra a Covid-19, o Governo anunciou um apoio excecional ao setor da restauração, correspondendo a 20% da quebra média de faturação, registada nos fins de semana de 14 e 15 de novembro e de 21 e 22 de novembro, face à média dos demais fins de semana deste ano. Uma ajuda que pode ser pedida a partir desta quarta-feira, depois de ter sido feito o registo no Balcão 2020.
“Nós não vamos aproveitar, pois só trabalhamos ao sábado de manhã e o que faturamos, não compensa metermo-nos nisto”, declara, Rui Almeida. O responsável concorda com o apoio do Governo, apesar de considerar que “devia ser superior, na ordem dos 50% ou mais, neste caso específico, já para não falar do resto”, uma vez que “está a ser difícil mantermos com as portas abertas e com os funcionários a trabalhar.”
Também David Ramos tem dúvidas quanto à eficácia dos apoios. “Fizemos as contas por alto e penso que não compensa o esforço”, atesta.
“Esta medida é um bocado anedótica”, prossegue. “Então, o Estado vai dar 20% por dois fins de semana, quando estivemos fechados, este ano, cerca de 11 fins de semana. É querer deitar poeira para os nossos olhos”, afirma.
O empresário que diz não se “iludir com ideias de ofertas a fundo perdido”, defende a adoção “de pequenas medidas, que para nós seriam grandes”, embora reconheça que não são fáceis de tomar.
“Por exemplo a isenção da TSU (Taxa Social Única), parece-me que era uma mais-valia para podermos manter os empregos e para não acumular divida perante o Estado, pois não podemos pagar impostos se não temos receita”, acrescenta, David Ramos.
E sem receita, muitos dos restaurantes podem vir a encerrar. Apesar do cenário pessimista, faz-se um derradeiro esforço no estabelecimento gerido por Rui Almeida: “Não temos grandes expectativas e até calculamos que isto vai piorar, no entanto vamos tentar aguentar até para o ano, até que venha a tal vacina que está prometida.”
A vacina é também sinal de esperança em melhores dias para o negócio da família Ramos: “Pode ser que a Páscoa seja boa, já com a vacina. Não vale a pena falar deste Natal nem do Carnaval, por isso mais vale direcionarmos as nossas energias para a primavera, e que possamos voltar - restauração, hotelaria e turismo - em força e trazer vida, neste caso, à nossa cidade, onde o turismo é tão importante”.
Com a renovação do estado de emergência, foram decretadas medidas gerais e medidas especificas em concelhos com base nos diferentes níveis de taxa de incidência da Covid-19 por 100 mil habitantes. Évora integra, por agora, o grupo dos concelhos de risco elevado.
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Existe um limite orçamental, pelo que as candidatu(...)