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Continente, Pingo Doce, Auchan e Active Brands acusados de concertação de preços

27 nov, 2020 - 12:45 • Lusa

Autoridade da Concorrência diz que concertação de preços terá acontecido durante nove anos.

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A Autoridade da Concorrência (AdC) acusou esta sexta-feira Modelo Continente, Pingo Doce, Auchan e a Active Brands, fornecedor de vinhos e bebidas brancas das marcas Licor Beirão e Porto Velhotes, de concertarem preços entre 2008 e 2017.

A nota de ilicitude (acusação), emitida na terça-feira e agora divulgada, põe fim à fase de inquérito e dá início à fase de instrução do processo, na qual é dada oportunidade às empresas visadas de exercerem o seu direito de audição e defesa em relação ao ilícito que lhes é imputado e à sanção em que poderão incorrer.

"A adoção da nota de ilicitude não determina o resultado final da investigação", explica a Concorrência em comunicado, adiantando que concluiu existirem indícios de que as cadeias de supermercados "utilizaram o relacionamento comercial com o fornecedor Active Brands (que integra o grupo económico Gestvinus/João Portugal Ramos) para alinharem os preços de venda ao público (PVP) dos principais produtos deste último, em prejuízo dos consumidores".

À data da investigação, a Active Brands era fornecedora de vinhos e bebidas brancas, das marcas Licor Beirão e Porto Velhotes, entre outras, e - segundo a acusação - os comportamentos alegadamente ilícitos terão durado "vários anos, tendo-se desenvolvido entre 2008 e 2017".

Na acusação é igualmente visado um diretor do fornecedor Active Brands e, segundo a AdC, "a confirmar-se, a conduta em causa é muito grave", pois trata-se de uma prática, denominada “hub-and-spoke”, através da qual as cadeias de distribuição "recorrem a contactos bilaterais com o fornecedor para garantir, através deste, que todos praticam o mesmo preço de venda ao público no mercado retalhista.

"Esta é uma prática que prejudica os consumidores, privando-os da opção de escolha pelo preço dos produtos que compram na grande distribuição", lembra o regulador no comunicado divulgado, precisando que a acusação agora tornada pública integra o terceiro conjunto de casos de “hub-and-spoke” investigados em Portugal.

Em junho passado, a AdC acusou da mesma prática três grupos da distribuição alimentar e um fornecedor de bolos e pães embalados e, um mês depois, emitiu uma nova acusação contra seis cadeias de supermercados e dois fornecedores de bebidas alcoólicas e não-alcoólicas.

Em março de 2019, já tinha acusado da mesma prática seis grupos de distribuição alimentar e três fornecedores de bebidas.

"A AdC tem atualmente em curso mais de dez investigações no setor da grande distribuição de base alimentar, algumas ainda sujeitas a segredo de justiça", diz ainda no comunicado, salientando que o setor alimentar representa "uma prioridade devido ao peso" que representa nos orçamentos das famílias.

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