30 nov, 2020 - 08:09 • Lusa
A TAP agravou os prejuízos nos primeiros nove meses do ano para 700,6 milhões de euros, foi comunicado nesta segunda-feira ao mercado.
Segundo a informação disponível no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), referente às contas da TAP S.A., parte integrante do Grupo TAP, o resultado líquido dos primeiros nove meses deste ano cifrou-se em -700,6 milhões de euros.
O resultado significa um agravamento dos prejuízos em 589,8 milhões de euros relativamente ao mesmo período do ano passado, para o qual contribuíram os 118,7 milhões de euros de resultados negativos no terceiro trimestre deste ano.
Nos primeiros nove meses de 2019, a empresa teve um prejuízo de 110,8 milhões de euros.
Até ao final de setembro, a companhia aérea portuguesa recebeu 582,4 milhões de euros provenientes do Estado português, no âmbito do acordo para o auxílio à empresa iniciado em junho.
De acordo com o quadro referente a financiamentos e obrigações da TAP S.A., em 30 de setembro a companhia tinha recebido 582,4 milhões de euros do Estado, fazendo esta parte da rubrica da dívida financeira, que ascende aos 1.992,4 milhões de euros.
As outras componentes dívida financeira são os empréstimos bancários e obrigações, que diminuíram de 1.083,4 milhões de euros no final de 2019 para 947,4 milhões de euros, e os passivos de locação com opção de compra, que aumentaram de 274,2 milhões de euros no final de 2019 para 1.699,4 milhões de euros no final de setembro.
No final de setembro deste ano, a TAP tinha em caixa e equivalentes 293 milhões de euros, abaixo dos 426,2 milhões de euros com que contava no final de 2019.
Já os passivos de locação financeira sem opção de compra diminuíram de 2.278,7 milhões de euros em 2019 para 2.159,7 milhões de euros em setembro deste ano.
A dívida financeira líquida da TAP S.A. ascendia a 1.699,4 milhões de euros em setembro, um aumento face aos 932,1 milhões de euros registados no final do ano passado.
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A pandemia de Covid-19 teve um impacto profundo nas operações da TAP que, à imagem do setor um pouco por todo o mundo, foi obrigada a paralisar a sua atividade durante vários meses.
A Comissão Europeia aprovou em 10 de junho um "auxílio de emergência português" à companhia aérea TAP, um apoio estatal de até 1.200 milhões de euros para responder às "necessidades imediatas de liquidez" com condições predeterminadas para o seu reembolso.
Em 2 de julho, o Governo anunciou que tinha chegado a acordo com os acionistas privados da TAP, passando a deter 72,5% do capital da companhia aérea, por 55 milhões de euros.
O Conselho de Ministros aprovou, em 17 de julho, a concessão de um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia.
No início de agosto, os acionistas da companhia aérea brasileira Azul, liderada por David Neeleman, aprovaram, em assembleia geral, o acordo de saída da TAP, incluindo a eliminação de direitos de converter em ações das obrigações relativas ao empréstimo da Azul à TAP, realizado em 2016, de 90 milhões de euros, e a alienação da posição da Global AzurAir Projects na TAP.
Além do empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP de 946 milhões – ao qual podem acrescer 254 milhões, sem que o Estado esteja vinculado a essa disponibilização – envolveu a aquisição, por parte do Estado português, de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da atual acionista da TAP SGPS, Atlantic Gateway, SGPS, Lda.
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No Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), o Governo reservou um valor de 500 milhões de euros em garantias para a TAP, para que a empresa se possa eventualmente financiar no mercado, a juntar aos 1.200 milhões de euros já aprovados em empréstimos.
O ministro de Estado e das Finanças, João Leão, já admitiu que a companhia aérea TAP poderá precisar de mais do que os 500 milhões de euros inscritos no OE2021, considerando-o "um valor ainda indicativo e referencial" que "não é o pior cenário", mas sim "o cenário base".
Os custos com pessoal da TAP, S.A. diminuíram 39,1% até setembro face ao mesmo período de 2019, correspondendo a 200 milhões de euros, tendo 729 trabalhadores com contratos a termo saído da empresa, segundo os resultados divulgados.
Segundo a demonstração de resultados, a companhia passou de custos de 511,7 milhões de euros nos três primeiros trimestres de 2019 para 311,7 milhões de euros até setembro deste ano, uma descida de 39,1%.
Já nos números que apenas dizem respeito aos meses de julho, agosto e setembro, "os custos com pessoal foram reduzidos em 49% face a igual período de 2019", pode ler-se no comunicado enviado ao mercado.
"Para esta redução contribui também a não renovação de contratos a termo. Até ao final de setembro de 2020, 729 trabalhadores viram os contratos atingir o seu termo e deixaram a TAP", pode ler-se no comunicado.
Segundo os principais indicadores operacionais divulgados pela companhia, no quadro de pessoal ativo, que não inclui pessoal sem colocação e não ativo, a TAP contava com 8.510 trabalhadores em setembro deste ano, menos 429 que os 8.937 no mesmo período de 2019.
"A TAP recorreu ao longo do terceiro trimestre ao Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva", com "um mecanismo de redução do horário de trabalho entre 70% e 5%", refere.
A empresa explica que "este novo regime foi um contributo muito importante, mas a natureza temporária deste enquadramento torna imperativa a adoção de soluções permanentes, a serem alcançadas através das negociações com os sindicatos representativos dos trabalhadores da TAP".
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O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou no Parlamento, em 4 de novembro, que "a primeira fase" do plano de reestruturação da TAP estava concluída e que as negociações com os sindicatos iam arrancar.
"A primeira fase do plano de reestruturação está feita, o que nos permite iniciar a negociação com os sindicatos. Esse trabalho vai iniciar-se desde já", disse Pedro Nuno Santos numa audição no Parlamento, no âmbito da apreciação na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).
"Temos uma companhia aérea que está sobredimensionada para a realidade atual e temos de conseguir um processo restruturação que garanta que a companhia aérea vai ser viável e sustentável", defendeu Pedro Nuno Santos.
Em 15 de outubro, Pedro Nuno Santos anunciou no Parlamento que iriam sair 1.600 trabalhadores do grupo TAP até ao final do ano, tendo já saído 1.200 colaboradores.