14 dez, 2020 - 16:26 • Redação com Lusa
O Banco de Portugal (BdP) manteve esta segunda-feira as previsões para a economia portuguesa em 2020, antecipando uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 8,1%, de acordo com o Boletim Económico hoje divulgado.
As projeções mantêm a estimativa para o PIB de 2020 divulgada em outubro, devido à conjugação de dois fatores de sentido oposto: a recuperação no terceiro trimestre foi superior ao antecipado, mas a evolução da pandemia e das medidas de contenção levaram à revisão em baixa da atividade no quarto trimestre, refere o BdP.
As previsões do banco central são assim mais otimistas do que as do Governo, que apontou para uma quebra de 8,5% da economia nacional este ano, nas projeções divulgadas aquando da apresentação do Orçamento do Estado para 2021.
A previsão mais pessimista continua a ser a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que espera uma contração de 10% do PIB nacional, seguindo-se as da Comissão Europeia (CE) e Conselho das Finanças Públicas (CFP), nos 9,3%, com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a apontar para os 8,4%.
No mesmo Boletim Económico hoje conhecido, o Banco de Portugal (BdP) diz esperar, contudo, que em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) português suba 3,9%, naquela que é a primeira projeção divulgada pela instituição para os próximos anos.
Esta previsão é mais pessimista do que a do Governo, que espera um crescimento económico de 5,4% em 2021, tal como a Comissão Europeia (CE), ao passo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) se revela ainda mais otimista, apontando para um crescimento de 6,5%.
Para 2022 e 2023, a instituição liderada por Mário Centeno espera um crescimento económico de 4,5% e 2,4%, respetivamente.
Boletim Económico
Governador do Banco de Portugal diz que economia p(...)
"Com a diminuição das medidas de contenção em Portugal e nos principais parceiros comerciais, a atividade acelera nos trimestres subsequentes. A recuperação do PIB será gradual e diferenciada entre setores, sendo mais lenta em atividades ligadas ao turismo, cultura e entretenimento. O PIB deverá retomar o nível pré-pandemia no final de 2022", pode ler-se no Boletim Económico hoje divulgado.
De acordo com o banco central, a recuperação da economia em 2021 "beneficia do impacto das decisões de política monetária e orçamental de resposta à crise", e será "mais rápida do que a observada na sequência da recessão de 2011-13".
"Nos próximos anos merece também destaque o aumento do recebimento de fundos europeus, em particular relacionados com o Next Generation EU", mas a recuperação das exportações "é mais lenta do que a observada na sequência das recessões anteriores, resultado do comportamento das exportações de turismo".
O BdP aponta ainda que "a trajetória do PIB em Portugal em 2020-23 é relativamente semelhante à projetada pelo Eurosistema para a área do euro", sendo que "para 2022-23 antecipa-se um crescimento ligeiramente maior em Portugal, refletindo a recuperação do turismo".
No próximo ano, haverá ainda "uma deterioração adicional da balança de bens e serviços", devido ao impacto da pandemia nos serviços, mas "nos anos seguintes, esta balança melhora com o desvanecimento dos efeitos pandémicos e a recuperação do setor do turismo, projetando-se um saldo de 0,1% no final do horizonte".
As projeções hoje divulgadas incluem ainda dois cenários adicionais: o de um cenário moderado e um severo, um mais otimista e outro mais pessimista face ao cenário base para o próximo ano.
No cenário moderado, a economia portuguesa crescerá 5,9% em 2021, 4,8% em 2022 e 2,0% em 2023, e no cenário severo estima-se um crescimento de 1,3% em 2021, 3,1% em 2022 e 2,4% em 2023.
Já a inflação "permanecerá contida", segundo o BdP, "aumentando para 0,3% em 2021, 0,9% em 2022 e 1,1% em 2023", depois de valores negativos, de -0,2%, em 2020.
"Comparando com as projeções para a área do euro, a evolução dos preços é mais moderada em Portugal. O diferencial face à área do euro torna-se mais negativo em 2021 (-0,7 pp, após -0,4 pp em 2020), situando-se em -0,3 pp, em média, em 2022-23", pode ler-se no documento hoje divulgado.
"As pressões descendentes sobre os preços continuarão a prevalecer em 2021, refletindo a subutilização dos recursos produtivos e a procura contida, em particular nos setores ligados ao turismo", segundo o BdP.