14 dez, 2020 - 19:11 • Redação com Lusa
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, disse esta segunda-feira esperar que o comportamento da economia portuguesa face a uma eventual terceira vaga da pandemia, após o Natal, seja melhor que o verificado nas anteriores.
"É expectável que se uma terceira vaga suceder, toda esta aprendizagem, e num contexto em que já há vacinação, se possa esperar um efeito muito mais contido na economia", disse hoje Mário Centeno aos jornalistas, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico.
O BdP manteve hoje as previsões para a economia portuguesa em 2020, antecipando uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 8,1%, de acordo com o Boletim Económico hoje divulgado, e para 2021 espera um crescimento económico de 3,9%.
"Nós não divulgamos projeções trimestrais, mas nós temos uma recuperação gradual claramente mais a partir do segundo trimestre, da economia, em 2021, sendo que o que aqui está subjacente é precisamente alguma manutenção de medidas de contenção no primeiro trimestre de 2021 e depois, então, um retomar da atividade económica com mais intensidade a partir e incluindo o segundo trimestre" de 2021, acrescentou o governador.
Para 2022 e 2023, a instituição liderada por Mário(...)
Durante a apresentação do Boletim Económico, Mário Centeno adiantou que o Banco de Portugal espera uma queda do PIB de 1,8%, em cadeia, no quarto trimestre deste ano, algo que terá efeitos no arranque do próximo ano.
Mário Centeno alertou, assim, que "o efeito de arrastamento para 2021 não é totalmente favorável, neste momento", quando comparado com previsões anteriores, em particular com as de outubro.
"Tínhamos o mesmo número para o ano [de 2020, que é de -8,1%], mas com uma composição trimestral bastante diversa, com menos crescimento no terceiro trimestre e mais crescimento no quarto trimestre", disse o antigo ministro das Finanças.
Desta forma, e mesmo face ao crescimento previsto para 2022 (4,5%), "a taxa de crescimento para 2021 está muito afetada pelo mau ponto de partida originado no quarto trimestre de 2020", disse Mário Centeno, considerando que "é um pouco enganadora para a dinâmica que, trimestre após trimestre, se irá consubstanciando em Portugal".
Na apresentação do Boletim Económico de dezembro, Centeno também indicou que a economia portuguesa deverá voltar em 2022 aos níveis de 2019, antes da pandemia de Covid-19.
"Nós esperamos que, no cenário central, a atividade económica atinja os valores pré-pandemia ao longo do ano de 2022. No final de 2022 esses valores terão sido atingidos, de acordo com esta nossa projeção."
De acordo com o responsável máximo do BdP, a recuperação económica "ocorre repartida entre 2021 e 2022", em que "menos de metade" da mesma "será percorrida em 2021, e depois o restante será feito em 2022".
"O PIB, no final de 2021, estará 3,4% abaixo do final de 2019. Isto mostra bem o que a dinâmica intra-anual do PIB revela em 2021, porque o peso que 2020 - o quarto trimestre de 2020 - tem nessa dinâmica é muito significativo", explanou Mário Centeno.
Em termos de cenários de medidas políticas a nível europeu, Mário Centeno disse ainda que, sem querer "falar demasiado da política orçamental", "todos os sinais apontam para que a contemporização da implementação dos tratados orçamentais na Europa venha a ter em conta o atingir níveis de produção e de PIB, e também do 'gap' [hiato] do produto, anteriores à crise pandémica".
Mário Centeno concluiu a conferência de imprensa afirmando que deve ser mantido "otimismo face a essa coordenação [com as políticas nacionais] e ao desenho de políticas que têm de ser conjugadas entre países e ao nível europeu para responder à crise económica, e temos que fazer a nossa parte".