14 dez, 2020 - 13:43 • Lusa
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O setor relacionado com os casamentos em Portugal atravessa um período de “grande incerteza” devido à crise sanitária resultante da pandemia, tendo perdido mais de 90% da faturação, alerta o Movimento de empresas do setor do casamento (MESC).
“A crise sanitária criou um cenário nunca antes visto com mais de 90% da faturação perdida, numa indústria que movimentava quatro mil milhões de euros num ano”, refere o MESC em comunicado, advertindo que “não pode voltar a acontecer o mesmo em 2021” e que "mais do que medidas" de ajuda pede ao Governo que dê "uma mensagem de confiança" para garantir a sustentabilidade e a recuperação da confiança dos clientes.
E prossegue: “Temos reunido com várias entidades desde a Secretaria de Estado do Comércio, o grupo parlamentar do PSD e grupo parlamentar do PCP”, sendo que a todas estas entidades foram apresentadas “várias soluções viáveis” para pôr as empresas do setor do casamento a trabalhar.
“Mais do que medidas de apoio, este movimento reivindica ao Governo uma mensagem de confiança no sentido de garantir a sustentabilidade e a recuperação da confiança dos clientes”, explica Jorge Ferreira, um dos elementos que integra o MESC, realçando que esta comunicação “deve obrigatoriamente apresentar uma previsão de data para o setor começar a operar”.
Isto é “importante para as empresas e para todos aquelas pessoas que pretendem contrair matrimónio”, adverte o dirigente do movimento, realçando ainda que “é uma área onde operam mais de sete mil empresas em Portugal e que gera muito emprego e tem um grande impacto na economia portuguesa”.
O MESC refere ainda que, apesar de a atividade do setor ter sido “legalmente viabilizada” pelo Governo, a imposição das medidas restritivas, bem como o clima generalizado de “medo e desconfiança” fez com que “mais do que 80% dos casamentos agendados em 2020 fossem reagendados para 2021”.
Assinala também que as empresas, por um lado, tiveram de cumprir os contratos com os clientes que quisessem realizar os eventos de casamento e, por isso, de abdicar de regimes como o 'layoff' e, por outro lado, tiveram de entrar em litigância com clientes.
Neste contexto, o MESC defende que “é tempo de reagir. É tempo de atuar”, advertindo igualmente para o facto de a pandemia de covid-19 “continuar aí” e de as empresas do setor terem de “conseguir formas de volta ao normal, sem pôr em causa a saúde pública”.
Trata-se de um setor que apresenta “algumas particularidades” no seu funcionamento, sendo que é uma “atividade sazonal”, compreendida entre os meses de março e outubro e já “está praticamente parada desde outubro de 2019”, avisa Jorge Ferreira, adiantando que “necessita de começar a trabalhar a partir de março 2021, senão corre o risco de desaparecer”.
Entre as medidas propostas, o MESC avança com a “demonstração de imunidade relativamente à Sars-CoV-2”, nomeadamente através da apresentação de nota de alta relativamente à coVID-19, teste serológico positivo, ou comprovativo de vacinação e a demonstração de ausência de infeção, isto é, a apresentação de teste rt-PCR negativo, num prazo inferior a 72 horas antes do evento, ou apresentação de teste rápido, num prazo inferior a 12 horas antes do evento, ou mesmo no momento de admissão do evento.
As empresas do setor de casamentos em Portugal empregam diretamente 150.000 pessoas e representam 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.