15 jan, 2021 - 18:00 • Maria João Costa
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É um “rude golpe, possivelmente sem retorno”. É desta forma que a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) protesta contra o facto de “ao contrário de jornais e revistas”, os livros não poderem “ser adquiridos dentro dos respetivos pontos de venda”. Com o encerramento das livrarias e uma nova paragem na atividade editorial, a APEL diz que está em causa a sobrevivência do setor.
Em comunicado, emitido no dia um do confinamento, editores e livreiros informam que já dirigiram um pedido ao ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital e à ministra da Cultura para que revejam esta proibição. A APEL lamenta que o Estado tenha retirado “ao livro estatuto de bem essencial”.
A associação que representa o setor fala mesmo em “desagrado e incompreensão” perante o que dizem ser uma “discriminação no quadro das regras anunciadas para o novo confinamento que atinge o livro e o retalho livreiro”.
“Ao livro sempre foi reconhecido o estatuto de bem essencial, por qualquer país que preze e estimule o acesso à cultura e ao conhecimento. É o instrumento crítico para a aprendizagem e para o saber em todas as idades”, refere a APEL que considera “muitíssimo grave” e “incoerente” a decisão de proibir a abertura das livrarias e “manter os estabelecimentos de ensino abertos”. Segundo editores e livreiros “mais de um milhão e meio de alunos e respetivas famílias, a par de mais de 100 mil professores, deixam de ter acesso facilitado aos livros, seja de leituras recomendadas seja para simples fruição”.
Feitas as contas, refere a APEL em comunicado, “Portugal foi dos países na Europa em que o sector editorial e livreiro mais perdeu, -17% no ano de 2020, ao invés de outros países. França +6,5%, Holanda +8%, Itália +1%, Alemanha +2%, Espanha +1%.”
Lembrando que as livrarias foram exemplares no cumprimento das regras de prevenção e segurança sanitária, a APEL avança que as quebras de vendas representaram “cerca de menos 26 milhões de euros de livros vendidos”.
“Durante o 1.º período de confinamento, nenhum canal comercial de venda de livros a retalho evoluiu positivamente, todos perderam” aponta a APEL que acrescenta que “as livrarias e outros, que tiveram de encerrar perderam 70%, e mesmo aqueles que se mantiveram em atividade, os Hipers, sofreram uma quebra de 19%”.
Sobre as vendas digitais, os editores classificam-nas como “residuais” e que o seu uso está “concentrado nos grandes centros urbanos”. Nas contas da APEL, 90 por cento da venda de livros é feita em loja, ou seja, nas livrarias e no retalho não especializado.
Com este novo confinamento, os editores e livreiros temem que muitos portugueses fiquem sem acesso ao livro. Face à situação, referem que isto pode levar a que muito editores e livrarias fechem de vez e alertam que “fechando desta forma todos os canais de retalho de venda do livro, os editores não terão capacidade para sustentar toda a rede de profissionais que vivem do livro. Falamos dos autores, tradutores, revisores, paginadores, designers, gráficas e profissionais das gráficas”.
No comunicado em que a APEL denuncia a situação de “risco” que o setor vive é deixado um apelo. “Urge preservar o canal livreiro, dedicado em exclusivo ao livro, como agente de divulgação e promoção dos livros, dos autores, da nossa cultura e do conhecimento e que tão bem soube respeitar as regras de prevenção sanitária”, pode ler-se.
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